Internacional
Cúpula da Otan: secretário-geral alerta sobre risco de vitória russa na Ucrânia encorajar Irã, China e Coreia do Norte e cobra ação de aliados
Jens Stoltenberg disse que ação contra rivais que contribuem com Moscou depende de entendimento dos aliados, mas espaço para Pequim manter relações com Ocidente e Rússia está diminuindo
Em meio aos anúncios de novos compromissos de segurança da Otan com a Ucrânia durante o 2º dia de cúpula da aliança ocidental em Washington, o secretário-geral Jens Stoltenberg chamou a atenção dos aliados para os efeitos da guerra no Leste Europeu para além da Rússia. Stoltenberg, em seu último compromisso oficial no cargo, alertou os líderes de que uma vitória russa contra Kiev encorajaria países como China, Irã e Coreia do Norte, que apoiam o Kremlin, reputando importante tomar medidas para conter o papel desses países, sobretudo de Pequim.
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— Eles todos [China, Coreia do Norte e Irã] apoiam a guerra da Rússia. Eles todos querem que a Otan falhe. Então, o desfecho desta guerra vai moldar a segurança global pelas décadas seguintes — disse Stoltenberg aos jornalistas. — O tempo de defender a liberdade e a democracia é agora. O lugar é a Ucrânia.
Em um momento posterior, falando à plateia do Fórum Público da Otan, Stoltenberg avançou no assunto. Questionado sobre a inclusão da China como desafio estratégico à aliança, em 2022, e constatações recentes do apoio que o país tem dado à Rússia, o secretário disse ser necessário "reconhecer a realidade" para tomar ações e que a contribuição chinesa cada vez mais exigia uma resposta do grupo.
— Resta saber até onde os nossos aliados estão dispostos a ir, mas acredito firmemente que, se a China continuar, não poderão ter ambos os caminhos. Eles não podem crer que terão uma relação normal com qualquer um dos aliados na América do Norte e na Europa e continuarão a alimentar a guerra na Europa — respondeu Stoltenberg.
Reforços no front
O secretário enfatizou que o comunicado final que o grupo soltaria ao fim da cúpula ainda estava em construção, sobretudo quanto à linguagem a ser adota, mas antecipou que, além das declarações e compromissos, o encontro encaminharia ações concretas de apoio à Ucrânia.
Algumas dessas medidas foram antecipadas antes mesmo da publicação do comunicado. Durante a manhã, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, confirmou que os aliados chegaram a um consenso para enviar de fato caças F-16 para a Ucrânia — um equipamento solicitado por Kiev há meses.
— Tal como combinamos, a transferência dos jatos F-16 está em andamento, procedentes da Dinamarca, procedentes dos Países Baixos — disse Blinken.
Em uma rápida declaração, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, em seu primeiro compromisso internacional como líder do Reino Unido, também fez uma sinalização forte, ao afirmar que a Ucrânia poderia utilizar mísseis Storm Shadow, de longo alcance, fornecidos pelo país para atacar alvos militares na Rússia.
— [A ajuda militar do Reino Unido] é para fins defensivos, mas cabe à Ucrânia decidir como distribui-la — disse Starmer.
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Ainda de acordo com Stoltenberg, o documento que será liberado ao fim do encontro em Washington deve passar por cinco pontos: o compromisso da Otan de oferecer treinamento e apoio à segurança da Ucrânia; um acordo de longo-prazo para continuar dando apoio ao país; novos anúncios de apoio imediato, incluindo de defesa aérea; novos acordos bilaterais; e intensificação do trabalho em matéria de interoperabilidade.
Eleições americanas
O encontro da Otan em Washington acontece em meio a uma série de dúvidas na política interna de seu maior patrocinador, os EUA. Com a candidatura à reeleição de Joe Biden sob forte pressão dentro do Partido Democrata e as projeções positivas para uma volta do ex-presidente Donald Trump, que criticou a aliança em seu primeiro mandato, motivaram especulações e temores.
Na manhã desta quarta-feira, no entanto, a imagem espelhada por uma série de líderes ocidentais foi de otimismo. Alguns deles, como o primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, mencionaram um entendimento de apoio bipartidário sobre a importância da aliança e do apoio contínuo à Ucrânia. Stoltenberg, por sua vez, disse que "é do interesse da segurança dos EUA ter uma Otan forte", dizendo esperar que o resultado eleitoral não interfira nos rumos da aliança.
Especificamente sobre Trump, o secretário disse que os comentários do ex-presidente durante seu mandato não foram contra a Otan, mas sim sobre a participação dos aliados nela.
— As principais críticas do presidente Trump e também de outros contra a Otan não foram principalmente contra a Otan, mas sim contra os aliados não gastarem o suficiente na Otan – e isto realmente mudou — afirmou, citando o aumento de gastos de países europeus e do Canadá. (Com AFP).
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