Internacional
Palestino deslocado 12 vezes pela guerra em Gaza reage a nova ordem de retirada dada por Israel: 'já não consigo mais'
Retirada geral para habitantes da Cidade de Gaza é a primeira do tipo desde outubro para a região, que voltou a ter combates após ser considerada área segura por Israel em janeiro

Quando o Exército de Israel anunciou uma nova ordem de retirada para os moradores da Cidade de Gaza nesta quarta-feira, o palestino Um Nimr al-Amal já sabia o que fazer. Afetado pelo conflito, que há 9 meses mudou a vida dos habitantes do território às margens do Mar Mediterrâneo, seguir às ordens israelenses não é uma novidade — mas está se tornando um processo cansativo e repetitivo.
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— É a 12ª vez que fugimos. Quantas vezes precisaremos ainda precisaremos aguentar isso? Mil vezes? — disse o palestino, ouvido pela AFP.
A atual ordem de retirada do Exército israelense chega em um momento de retomada da operação na principal cidade do enclave palestino. Em janeiro, o comando militar chegou a apontá-la como uma zona livre do Hamas, mas viu um ressurgimento do grupo, que voltou a combater nas últimas semanas com maior intensidade.
Ordens parciais de retirada, abarcando alguns bairros e zonas específicas já haviam sido emitidas para os moradores de Gaza. A ordem atual, porém, parece ser geral, segundo as informações repercutidas pela imprensa internacional e israelense — a primeira do tipo desde o mês de outubro, de acordo com a publicação israelense Haaretz. Panfletos lançados sobre a cidade afirmam que "todas as pessoas presentes na Cidade de Gaza" devem deixar a região em direção ao sul, através de "corredores de segurança". Alertam também que a cidade "continua sendo uma zona de combates perigosa".
Os combates continuavam intensos nesta quarta-feira, sobretudo nos bairros de Rimal e Tel al-Hawa, onde os militares afirmam ter entrado em confronto com terroristas do Hamas e da Jihad Islâmica, que se agruparam no prédio central da Agência da ONU para refugiados palestinos (UNRWA).
Em uma publicação na rede social X (antigo Twitter), as Forças Armadas de Israel informaram na terça-feira ter eliminado mais de 150 terroristas no bairro de Shejaiya, além de ter implodido seis túneis e apreendido dezenas de documentos de inteligência e armamentos. Um soficial israelense foi morto na terça-feira durante as operações no bairro de Tel al-Hawa, por um sniper, segundo o comando militar.
O reagrupamento de células do Hamas e da Jihad Islâmica em regiões consideradas anteriormente seguras pelas forças israelenses foi motivo recente de desavença entre setores políticos e militares. Benny Gantz, líder da principal oposição de centro-direita ao governo de Benjamin Netanyahu, citou o reagrupamento como efeito da falta de um plano pós-guerra para Gaza. Gantz abandonou o Gabinete de Guerra no mês passado, levando à dissolução do órgão.
Além de expor gargalos no plano tático, a ordem de retirada no norte, por onde a ofensiva terrestre de Israel começou, também agrava a situação dos civis palestinos, profundamente afetados pelo conflito. Uma estimativa recente da ONU, pouco depois de uma ordem de evacuação de civis no sul do enclave, apontou que cerca de 1,9 milhão dos 2,2 milhões de habitantes de Gaza (número pré-guerra) haviam sido deslocados desde o começo do conflito.
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No caso da ordem atual na cidade de Gaza, o "corredor de segurança" com direção ao sul deve levar os civis palestinos a Deir al-Balah, uma área que foi alvo de pelo menos um bombardeio na semana passada.
Em deslocamento pela 12ª vez, Um Nimr al-Amal se pergunta até quando vai conseguir atender às ordens israelenses.
— Aonde vamos parar? Já não tenho forças. Já não consigo mais — afirmou. (Com AFP)
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