Internacional
Família relata como recebeu notícia de que corpo de alpinista morto em montanha do Peru foi achado após 22 anos: 'Coração afundou'
Nascido na Áustria e engenheiro civil de formação, William Stampfl dividia o tempo entre as escaladas e seu trabalho, que fazia de maneira autônoma
A família do alpinista americano William Stampfl relatou a emoção do momento em que soube que o corpo dele havia sido encontrado após 22 anos. Bill, como era conhecido, desapareceu enquanto escalava uma montanha com mais de 6.700 metros de altitude no Peru e foi achado mumificado, com suas vestimentas em bom estado, segundo a polícia local.
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Bill havia sido dado como desaparecido em junho de 2002, quando uma avalanche de neve o sepultou no Huascarán, de 6.757 metros, na região de Áncash, cerca de 400 km ao norte de Lima. O corpo de Bill foi achado por dois irmãos — Ryan Cooper e Wesley Waren — que subiam a montanha em 27 de junho. Cooper ligou para a mulher e pediu ajuda para localizar parentes do falecido. Ela conseguiu contato com o filho de Bill, Joseph, dois dias depois, e enviou fotos dos pertences do homem.
Joseph afirmou ter ficado "chocado" com a notícia e ter demorado a processá-la. O filho agora se dedicado a formalizar o retorno do corpo, que foi levado para uma autópsia no Peru, aos Estados Unidos. Sua irmã, Jennifer, destacou que o caso reabriu "feridas".
— Meu coração simplesmente afundou. Depois de 22 anos, eu estava bem com o fato de ele estar lá. Ele faz parte da montanha. Como se nunca fossemos recuperá-lo. O fato de o terem encontrado abriu todas as feridas — disse a filha do alpinista, Jennifer Stampfl, à CNN.
A mulher de Bill, Janet Stampfl, afirmou ter pensado que o corpo do marido jamais seria achado.
— Não há preparação para que o seu marido seja morto instantaneamente — lembrou Janet. — [Ele ser encontrado] É uma resposta a tantas orações de tantas pessoas.
Stampfl, que fazia a subida ao lado de outros dois alpinistas (Steve Erskine e Matthew Richardson), era o mais velho, com 58 anos, na ocasião. Uma publicação do Los Angeles Times, na ocasião do desaparecimento do trio, lembrava que Stampfl fez uma das primeiras de suas escaladas ao cume do monte Baldy, que tem pouco mais de 1.200 metros de altitude.
À publicação, a mulher de Stampfl, Janet, lembrou que o companheiro sentiu muito dor após a primeira vez que subiu o Baldy. Mesmo com a experiência ruim, ele e Erskine passaram a comentar (mesmo que em tom de brincadeira) o desejo de escalar o Everest.
Ao lado dos dois amigos, Stampfl passaria a encarar diversos dos grandes cumes espalhados pelo mundo, como o Denali (no Alasca) e o Kilimanjaro. Nascido na Áustria e engenheiro civil de formação, ele dividia o tempo entre as escaladas e seu trabalho, que fazia de maneira autônoma.
Na escala que se tornaria fatal, Stampfl carregava pouco mais de 27 kg durante a subida, que demoraria sete dias para ser concluída. Segundo o Los Angeles Times, contudo, ele também andava com uma pequena bolsa com tartarugas de origami, um presente dado pela sua mulher, que seria uma brincadeira entre o casal.
“Como eu não podia ir, as tartarugas foram no lugar”, afirmava Janet.
Roupas e botas bem conservadas
A descoberta foi possível devido ao derretimento das geleiras na região, consequência das mudanças climáticas, fenômeno que afeta a Cordilheira dos Andes peruanos. Stampfl estava vestido com suas roupas de escalada, arnês e botas, todos bem conservados, conforme mostram as imagens divulgadas pela polícia. Os socorristas o identificaram graças ao passaporte estadunidense encontrado entre suas roupas.
As condições de frio extremo do Huascarán, que podem chegar a -19°C durante a noite, teriam permitido a conservação do corpo desde 2002. Segundo o relatório da polícia, os socorristas "encontraram o corpo a uma altitude de 5,2 mil metros, próximo ao acampamento base um do Huascarán", uma área caracterizada por fendas e considerada perigosa.
O corpo foi levado para o necrotério da cidade de Yungay. Em junho, também foi encontrado o corpo de um montanhista italiano que sofreu um acidente ao tentar uma escalada no monte Cashan, que tem 5.716 metros de altura.
A Cordilheira dos Andes, conhecida pela cadeia montanhosa do nordeste do Peru, que abriga montanhas como o Huascarán e o Cashan, é uma área turística frequentada por alpinistas de todo o mundo.
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