Internacional
Democratas se reúnem para discutir futuro da candidatura de Biden em meio à divisão no partido
Encontro entre deputados termina sem consenso, enquanto senadores, geralmente mais velhos, têm mais dificuldade em sugerir que presidente se afaste por conta da sua idade

Congressistas democratas se reúnem a portas fechadas nesta terça-feira para discutir se o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, deve continuar na corrida pela reeleição após a sua desastrosa participação no debate contra o republicano Donald Trump, assistido por mais de 51 milhões de americanos. Ao menos por enquanto, o mandatário de 81 anos conseguiu arrefecer as deserções públicas, embora a sigla continue dividida sobre o seu futuro político.
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Sob pressão: Biden diz que está 'firmemente comprometido em permanecer na disputa' presidencial em carta a aliados no Congresso
Segundo relatos da mídia americana, telefones foram proibidos para evitar vazamentos em tempo real durante o encontro entre os deputados, convocado pelo líder da minoria da Câmara, Hakeem Jeffries. De acordo com o New York Times, o encontro terminou sem que se chegasse a um consenso capaz de forçar o presidente americano a reconsiderar sua candidatura.
— Ele não deve colocar em risco seu legado e nos entregar a um tirano — disse Lloyd Doggett, do Texas, o primeiro democrata a pedir que Biden se afastasse, após a reunião desta terça.
Richard Neal, de Massachusetts, chamou a reunião de uma sessão de escuta e estava entre os vários democratas que elogiaram as realizações de Biden.
— É inacreditável o que fizemos nos últimos três anos — disse ele.
O deputado de Nova York Jerry Nadler, um dos vários democratas que, segundo a imprensa, sugeriu em particular que Biden deveria se afastar da disputa, disse que o presidente "deixou muito claro que está concorrendo" e que o partido deve apoiá-lo.
— Ele é a pessoa certa. O presidente determinou que ele é o melhor candidato — disse Nadler quando perguntado se Biden pode derrotar Donald Trump em novembro. — Ele disse que vai continuar (na corrida), ele é nosso candidato e todos vamos apoiá-lo, espero que todos apoiemos.
Senadores democratas ainda devem ser reunir nesta terça-feira, informou o Times, numa semana crucial para Biden. Entre eles, as reticências são maiores para sugerir um afastamento de Biden — que serviu o Senado por três décadas. Acostumados a ver seus colegas se manterem obstinadamente no poder apesar da idade, ninguém parece disposto a liderar um apelo público para que o presidente se retire da corrida.
— Eles não gostam de fazer isso, é extremamente raro — disse ao New York Times Chris Whipple, historiador da Casa Branca que escreveu um livro sobre a presidência de Biden, sobre os senadores que pressionam publicamente um colega ou líder de partido. — A partir de agora, eles estão indo até Biden com o argumento de que 'não achamos que você esteja à altura', e ele [Biden] diz: 'Eu sei que estou à altura e, além disso, todos esses democratas votaram em mim'. Ele [Biden] tem uma mão mais forte do que eles.
Há, ainda, o temor dos apoiadores da campanha. Na segunda, cerca de 400 doadores enviaram uma carta pedindo que Biden "desista de ser candidato à reeleição pelo bem de nossa democracia e do futuro de nossa nação".
Em paralelo às discussões entre congressistas, ele recepciona os líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para uma cúpula que celebra os 75 anos da aliança em Washington. Na quinta-feira, último dia do evento, Biden dará uma coletiva de imprensa com o desafio de reforçar a sua reputação e mascarar sinais de envelhecimento num momento em que todos os olhares estarão voltados para ele. Além da pressão interna, muitos aliados internacionais dos EUA temem o retorno de Trump e seu isolacionismo.
Biden reafirmou na segunda-feira que está determinado a permanecer na corrida e desafiou os democratas insatisfeitos a se candidatarem durante a convenção do partido em agosto. O presidente mais velho na história dos Estados Unidos justificou seu mau desempenho no debate devido a uma "má noite" causada por um resfriado e pelo jet lag de viagens internacionais.
A Casa Branca também interveio. Na segunda, após diversos veículos reportarem que um especialista em Parkinson havia visitado o presidente oito vezes nos últimos oito meses, seu médico pessoal afirmou que as consultas foram realizadas apenas como parte de exames neurológicos de rotina durante seu check-up anual.
Biden está atrás nas pesquisas e a atenção da mídia agora se concentra em suas fraquezas, em vez de em seu rival, Trump, alvo de condenações judiciais e que ainda tem vários processos em aberto. O próprio republicano rompeu dias de silêncio desde o debate, declarando à Fox News na segunda-feira que acredita que Biden resistirá à pressão e permanecerá na corrida.
— Ele tem um ego e não quer desistir considerou o ex-presidente de 78 anos.
Com New York Times, AFP e Bloomberg
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