O ex-primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, continua provocando sentimentos fortes na política italiana um ano após sua morte. Políticos e ativistas de direita e esquerda entraram em rota de colisão após a decisão do Ministério dos Transportes italiano de rebatizar o aeroporto de Malpensa, em Milão — cidade natal de Berlusconi — com o nome do controverso ex-premier.

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O vice-primeiro-ministro, Matteo Salvini, que também ocupa a pasta dos Transportes e lidera o partido de extrema direita La Liga anunciou a mudança do nome do aeroporto na sexta-feira, um ano após a morte de Berlusconi.

— A decisão final cabe ao ministro dos Transportes e estou disposto a assiná-la, com orgulho e emoção, em memória do meu amigo Silvio, um grande empresário, um grande milanês e um grande italiano — disse Salvini.

A decisão não passou despercebida pelas forças políticas locais. Nesta terça-feira, o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, afirmou que a decisão de mudar o nome do aeroporto, um dos maiores da Itália, não deveria ser tomada apenas por Salvini.

— Uma decisão deste tipo pode ser tomada em 24 horas? — questionou o prefeito, citado pela agência de notícias AGI.

Após o anúncio de Salvini na sexta, a ala jovem do Partido Democrático, de centro-esquerda, lançou um abaixo assinado pedindo que o governo liderado por Giorgia Meloni vete a alteração do nome de Malpensa. Mais de 35 mil pessoas assinaram a petição, que afirma que o aeroporto deveria receber o nome de alguma figura que expresse valores como "honestidade, integridade e serviço público", ao contrário do ex-premier.

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"Silvio Berlusconi não reflete esses valores, como demonstrado pelas numerosas condenações criminais que ele recebeu ao longo dos anos", argumenta a petição.

Berlusconi manteve laços estreitos com a cidade de Milão, onde fez fortuna e presidiu por 31 anos o time de futebol AC Milan, que venceu a Liga dos Campeões cinco vezes enquanto ele era presidente. Muitos italianos viam nele uma figura cativante, um homem que se fez sozinho e virou bilionário. Outros têm uma imagem oposta, lembrando seus escândalos sexuais e problemas com a lei.

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Marco Grimaldi, deputado da Aliança Verde e Esquerda, citou muitas figuras ilustres nascidas em Milão que poderiam dar nome ao aeroporto, incluindo o compositor Giuseppe Verdi, o poeta Alessandro Manzoni, a dançarina Carla Fracci e o poetisa Alda Merini.

— Quem sabe se o ministro Salvini sabe que o aeroporto de Fiumicino, em Roma, tem o nome de Leonardo da Vinci, o de Veneza, em homenagem a Marco Polo, e o de Gênova, em homenagem a Cristóvão Colombo — disse Grimaldi, citado pelo jornal inglês The Guardian. — Eu, pelo menos, teria vergonha de pegar um voo nos aeroportos Falcone e Borsellino e pousar no aeroporto Silvio Berlusconi. (Com AFP)