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ELA: homens desenvolvem a doença 1,2 vezes mais do que mulheres, diz estudo

A pesquisa, publicada na revista científica Nature Communications, também mostrou que a doença tem quatro diferentes subtipos

Agência O Globo - 22/06/2024
ELA: homens desenvolvem a doença 1,2 vezes mais do que mulheres, diz estudo

Um grupo de pesquisadores, liderados pela Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, descobriu novas informações sobre a esclerose lateral amiotrófica (ELA). O estudo, publicado na revista científica Nature Communications, mostrou que a ELA ocorre 1,2 vezes mais em homens do que em mulheres e pode ser dividida em quatro subtipos.

O que é a ELA?

A ELA é um distúrbio que afeta os neurônios motores no sistema nervoso central – cérebro e medula espinhal. As células são as responsáveis por conectarem o sistema com os músculos, permitindo a movimentação voluntária do corpo. No entanto, pacientes com a doença tem uma degeneração nesse mecanismo, que leva eventualmente a um quadro de paralisia motora irreversível. Um dos casos mais famosos foi o do físico britânico Stephen Hawking, que morreu em 2018 por causa da esclerose.

Quatro subtipos

Uma conclusão importante do estudo é que a ELA pode ser dividida em quatro subtipos. Em um deles, os genes associados a processos inflamatórios e respostas imunitárias foram afetados. No outro, houve principalmente distúrbios na transcrição genética, processo importante na formação de proteínas. Em outros dois, foram encontrados diferentes sinais de estresse oxidativo nas células. De acordo com os pesquisadores, o subtipo de ELA poderia mudar ao longo do curso da doença.

“Não é possível distinguir entre estas variantes com base nos sintomas clínicos. No entanto, coisas muito diferentes acontecem a nível molecular. Isto significa que uma substância activa que é ineficaz num subtipo de ELA pode muito bem ser útil em outro. Estudos clínicos anteriores só conseguiram observar os efeitos em todos os pacientes e podem não ter substâncias identificadas eficazes para um subtipo individual”, diz o neurologista Paul Lingor, da Universidade Técnica de Munique, em comunicado.

Diferenças na condição entre homens e mulheres

Ainda que os quatro subtipos aparentemente ocorram com a mesma frequência em ambos os sexos, os pesquisadores encontraram alterações genéticas em maior quantidade nos homens. Para a equipe, isto poderá significar que homens e mulheres terão de ser tratados de forma diferente no futuro.

Além disso, a equipe observou que a via de sinalização MPK pode ser um mecanismo precoce da doença, por isso sugerem que novos medicamentos sejam desenvolvidos a partir deste achado.

"Demonstramos ainda que o trametinib, um inibidor da MAPK, tem potenciais benefícios terapêuticos in vitro e in vivo, particularmente em mulheres, sugerindo uma direção para o desenvolvimento de tratamentos direcionados para a ELA", escreveram os autores.

O estudo é baseado em amostras de tecido de 51 pacientes que faleceram acometidos pela ELA e em investigações adicionais usando modelos de camundongos da doença.

“Um próximo passo importante é encontrar uma maneira de determinar o subtipo de ELA dos pacientes enquanto eles ainda estão vivos – estamos atualmente trabalhando nisso”, afirma Lingor.