Política

Sumiço de bens avaliados em R$ 50 milhões e organização criminosa: veja acusações contra presidente do Solidariedade preso

Investigação da PF apura suspeita de desvio de R$ 36 milhões por parte de Eurípedes Junior durante o período no qual comandou o Pros, partido que se fundiu à sua sigla atual

Agência O Globo - 15/06/2024
Sumiço de bens avaliados em R$ 50 milhões e organização criminosa: veja acusações contra presidente do Solidariedade preso

Principal alvo da Operação Fundo no Poço, o presidente do Solidariedade, Eurípedes Junior, se entregou à Polícia Federal em Brasília na manhã deste sábado. Com um histórico de suspeitas de desvio de dinheiro público, o político é investigado por organização criminosa, lavagem de dinheiro, furto qualificado, apropriação indébita, falsidade ideológica e apropriação de recursos destinados ao financiamento eleitoral.

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Eurípedes era considerado foragido desde quarta-feira, quando foi alvo de uma operação que apura suspeitas de desvios de R$ 36 milhões dos fundos partidário e eleitoral de sua antiga sigla, o PROS, nas eleições de 2022. Além dele, a investigação mira ex-dirigentes do Pros, partido que se fundiu no ano passado com o Solidariedade após o mau desempenho nas urnas.

Aquisições irregulares milionárias

Em 2022, u m helicóptero do PROS, comprado com dinheiro público por R$ 2,4 milhões em 2015 — cerca de R$ 5 milhões em valores atuais —, foi localizado em um hangar na zona norte de São Paulo, após desaparecer em meio a investigações sobre uso indevido de recursos do Fundo Partidário.

Na ocasião, a aeronave, um Robinson R66 Turbine, assim como imóveis e outros veículos, fazia parte de uma série de aquisições irregulares do partido durante a gestão de Júnior, segundo apurações do Ministério Público e da Polícia Federal.

Afastado do cargo, Eurípedes, apontavam as investigações, usava o helicóptero para fins pessoais em deslocamentos de Planaltina (GO), onde tem residência, até a sede do partido em Brasília.

Em meio à disputa judicial pelo comando da sigla, o então presidente do PROS, Marcus Holanda, registrou um boletim de ocorrência em que acusava seu antecessor pelo sumiço de bens da legenda avaliados em R$ 50 milhões, entre eles o helicóptero.

A aeronave de prefixo PP-CHF foi fabricada em 2013, comporta quatro passageiros e tem operação negada para táxi aéreo, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O modelo é vendido por até R$ 10 milhões, conforme sites especializados.

Investigação da PF

De acordo com a PF, a apuração teve início a partir de denúncia sobre o desvio de aproximadamente R$ 36 milhões. Segundo as investigações, foi identificado, por meio de Relatórios de Inteligência Financeira e da análise de prestações de contas de supostos candidatos, indícios que apontam para existência de uma organização criminosa estruturalmente ordenada com o objetivo de desviar e se apropriar de recursos dos fundos Partidário e eleitoral.

O inquérito apontou que o grupo utilizava candidaturas laranjas ao redor do país, de superfaturamento de serviços de consultoria jurídica e desvio de recursos partidários destinados à Fundação de Ordem Social (FOS) – fundação do partido.

Por meio de nota, a defesa do dirigente afirma que "Eurípedes Gomes de Macedo Júnior demonstrará perante a Justiça não só a insubsistência dos motivos que propiciaram a sua prisão preventiva, mas ainda a sua total inocência em face dos fatos que estão sendo apurados nos autos do inquérito policial em que foi determinada a sua prisão preventiva."

O Solidariedade, em nota, informou que Euripedes solicitou, em 14 de junho, licença por prazo indeterminado da presidência do partido. "Essa solicitação é compatível com o estatuto partidário, dessa maneira, a secretaria geral do Solidariedade tomará todas as providências necessárias e cabíveis para o seu imediato atendimento, tendo em vista a regular continuidade do exercício da direção partidária", diz a nota.

O vice-presidente nacional do partido, deputado federal Paulo Pereira da Silva (SP), assume a presidência nacional da legenda.