O coach e influenciador Pablo Marçal, pré-candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB, iniciou diálogos com o teórico social Roberto Mangabeira Unger, considerado aliado histórico do ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT). De acordo com informações do portal Metrópoles e confirmado pelo GLOBO, Marçal e Unger tiveram ao menos uma conversa por telefone nas últimas semanas.

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"Sempre fui a favor do diálogo e estou conversando com todos para entender sobre acertos e erros que cometeram e principalmente sobre os problemas da cidade", declarou o coach por nota. Ao Metrópoles, o teórico confirmou as conversas e disse não cultivar “preconceitos e prevenções", e que tenta tratar todos com abertura de espírito.

O filósofo e teórico social trilhou uma extensa carreira na política apoiando Ciro Gomes e integrando cargos do primeiro escalão em gestões petistas, e já ensaiou uma candidatura à Presidência, frustrada antes da oficialização. No ano passado, Mangabeira pediu a desfiliação do PDT.

De acordo com a colunista do GLOBO Malu Gaspar, apesar de filiado a um partido nanico, Marçal tem conseguido atrair interlocutores da classe política, pelo bom desempenho em pesquisas — no Datafolha do último dia 29, o coach aparece empatado com Tabata Amaral (PSB) na terceira colocação, com 9% dos votos. Na semana passada, o coach foi ciceroneado por deputados em Brasília, e se reuniu com o ex-governador João Doria (sem partido), em São Paulo, para pedir conselhos sobre como tocar sua campanha.

O encontro do pré-candidato com Doria foi alvo de críticas nas redes do influenciador. Em nota enviada ao GLOBO, Marçal relata que o ex-tucano "trabalhou incansavelmente" na tentativa de retirá-lo da campanha, ou que se colocasse como vice do atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB). "Reafirmo que não serei vice de ninguém", diz o influenciador, que questiona o apoio de Bolsonaro a "um cara que tem o Doria como articulador", em referência a Nunes.

Em sua ida a Brasília, Marçal foi a posse de Antonio Rueda na presidência do União Brasil. De acordo com o colunista Lauro Jardim, o intuito era de avançar nas negociações para que a legenda indique seu à vice à prefeitura. No entanto, há um entrave: em São Paulo, o cacique da sigla é o presidente da Câmara dos Vereadores, Milton Leite, que tem repetido que o União apoiará o atual prefeito Ricardo Nunes.

Histórico com Brizola e 'guru' de Ciro

A atuação de Mangabeira Unger vem do final da década de 1970. Próximo de Leonel Brizola, um dos patronos do PDT, assessorou o então candidato à Presidência em 1989 e em 1994, antes de se aproximar de Ciro Gomes, com quem participou das disputas em 1998 e em 2002, quando disputou contra Lula. Em 2005, chegou a ensaiar uma tentativa de concorrer ao Planalto, mas a ideia não saiu do papel.

Em 2007, foi convidado por Lula a ocupar a Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência, cargo que ocupou até 2009, quando saiu para retomar as atividades como professor da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. Em fevereiro de 2015, ele foi novamente convidado para o posto, agora pela ex-presidente Dilma Rousseff, mas não ficou mais que sete meses, quando pediu demissão.

Em entrevista à revista Época, em 2015, quando decidiu voltar ao PDT, Mangabeira Unger voltou a defender uma candidatura de Ciro Gomes à Presidência como um caminho para "um projeto de poder que possa servir ao ideário de uma alternativa nacional".

Ciro e seu "guru" demonstravam estar mais próximos no ano passado. Poucos dias antes de oficializar a desfiliação do PDT, o ex-presidenciável usou sua conta o X, ex-Twitter, para divulgar vídeo em que o professor de Harvard expõe ideias e elaborações teóricas.