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Israel bombardeia Rafah apesar de ordem da Corte Internacional de Justiça para suspender operações na área

Testemunhas no local e jornalistas da AFP relataram bombardeios das tropas israelenses contra cidade no sul da Faixa de Gaza

Agência O Globo - 25/05/2024
Israel bombardeia Rafah apesar de ordem da Corte Internacional de Justiça para suspender operações na área
A Corte Internacional de Justiça (CIJ - Foto: Reprodução

Israel bombardeou Rafah no sábado, apesar de a Corte Internacional de Justiça (CIJ) ter ordenado a suspensão das operações nessa área do território palestino governado pelo Hamas, enquanto em Paris continuam os esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo.

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Testemunhas no local e jornalistas da AFP relataram bombardeios das tropas israelenses contra Rafah, uma cidade no sul da Faixa de Gaza, na fronteira com o Egito. Também ocorreram ataques aéreos e disparos de artilharia contra Deir al-Balah e Nuseirat, no centro, Jabaliya e a cidade de Gaza, no norte, e Khan Yunis, no sul.

Em resposta a um pedido da África do Sul, o principal tribunal da ONU ordenou na sexta-feira que Israel interrompesse sua operação em Rafah e qualquer outra ação que provocasse a "destruição física total ou parcial" do povo palestino em Gaza.

A CIJ também exigiu a abertura da passagem fronteiriça entre o Egito e Gaza em Rafah, porta de entrada para a ajuda humanitária que Israel fechou no início do mês ao iniciar suas operações na cidade.

O tribunal, cujas decisões são vinculantes embora não tenha meios de implementá-las, instou o movimento islâmico Hamas a liberar imediatamente todos os reféns capturados em seu ataque de 7 de outubro contra Israel.

Mas nenhum dos dois lados parece ter atendido às exigências do tribunal.

De Madri, o ministro espanhol de Assuntos Exteriores, José Manuel Albares, avisou a Israel que as medidas cautelares da CIJ são "obrigatórias", assim como "a libertação dos reféns" em poder do Hamas e "o acesso humanitário", pois "o sofrimento dos habitantes de Gaza e a violência devem terminar".

O presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, em coordenação com Noruega e Irlanda, anunciou que na próxima terça-feira seu gabinete reconhecerá a Palestina como Estado. Israel criticou duramente a iniciativa e convocou seus embaixadores nesses três países para consultas.

Reuniões em Paris

O conflito estourou em 7 de outubro, quando comandos islâmicos mataram mais de 1.170 pessoas, a maioria civis, no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses.

Os militantes também sequestraram 252 pessoas. Israel afirma que 121 permanecem sequestradas em Gaza, das quais 37 teriam morrido.

Horas antes da decisão da CIJ, o exército israelense anunciou ter recuperado de Gaza os corpos de três reféns mortos, entre eles o franco-mexicano Orión Hernández Radoux e o brasileiro Michel Nisenbaum.

Em resposta ao ataque de outubro, Israel lançou uma ofensiva contra a Faixa de Gaza, na qual já morreram até o momento 35.857 palestinos, a maioria civis, segundo o ministério da Saúde do governo do Hamas.

As negociações indiretas mediadas pelo Catar, Egito e Estados Unidos estagnaram no início de maio, pouco depois do início das operações terrestres de Israel em Rafah. Mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, autorizou esta semana "continuar as negociações para o retorno dos reféns".

Muito envolvido nessas conversas, o diretor da CIA, William Burns, se reunirá em Paris com representantes israelenses.

Na mesma cidade, o presidente da França, Emmanuel Macron, reuniu-se na sexta-feira à noite com os ministros das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Catar, Egito e Jordânia para abordar a situação em Gaza.

O chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, também conversou com o ministro do gabinete de guerra de Israel, Benny Gantz, sobre os novos esforços para conseguir um cessar-fogo e a reabertura da passagem de Rafah o mais rápido possível.

"Terminem com este pesadelo"

Apesar da oposição da comunidade internacional, incluindo seu aliado americano, as tropas israelenses entraram na cidade de Rafah no início de maio.

Os soldados tomaram a parte palestina do cruzamento fronteiriço com o Egito, o que atrasou ainda mais o fornecimento de ajuda humanitária para os 2,4 milhões de habitantes de Gaza.

O exército americano instalou por sua vez um cais temporário na costa de Gaza que, segundo um porta-voz da ONU, permitiu o desembarque de 97 caminhões de ajuda em uma semana.

Mas a situação humanitária no território ainda é alarmante, com risco de fome, hospitais fora de serviço e cerca de 800.000 pessoas fugindo de Rafah, segundo a ONU.

O responsável humanitário da ONU, Martin Griffiths, disse que "os trabalhadores humanitários e o pessoal da ONU devem poder realizar seu trabalho com segurança".

"Em um momento em que o povo de Gaza enfrenta a fome (...) é mais crítico do que nunca ouvir os apelos dos últimos sete meses: libertem os reféns, concordem com um cessar-fogo, terminem com este pesadelo", sublinhou.