Esportes
Washington Rodrigues, o Apolinho, deixa 'um legado de criatividade', diz Luiz Penido
Iluminado, acolhedor e agregador de pessoas, jornalista faleceu nesta quarta-feira aos 87 anos

O legado de Washington Rodrigues vai muito além das expressões canônicas que cunhou, como os “geraldinos” e “arquibaldos” que decoravam os áureos tempos do Maracanã, local onde o garoto do Engenho Novo se confirmou como fã de futebol. Ao longo de seus 87 anos, Apolinho — que morreu no fim da noite de quarta, enquanto passava pelo tratamento de um câncer no fígado — foi um especialista em agregar pessoas, dos companheiros de várias gerações a torcedores de todos os clubes, não apenas do Flamengo, dono do seu coração.
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— Deixa um legado de criatividade. Criou termos que caíram na boca do povo. Ele incentivou a torcida do Flamengo a adotar o urubu. Ele quis cobrir o Vasco para mostrar o respeito que tinha pelos demais — diz o narrador Luiz Penido, da Rádio Tupi. — Comecei a trabalhar com ele com 14 anos. Foi o primeiro cara a me abraçar e incentivar. Criamos uma amizade profunda, que foi se estendendo para as famílias, aumentando de uma forma fora do comum. No rádio, cada transmissão com ele era uma aula. Era tão iluminado que, eu tenho certeza, o brilho que deixou na Terra é o mesmo que vai ter no céu.
Longe dos microfones, sua grande aventura foi se tornar treinador do Flamengo em 1995, ano do centenário do clube. O convite veio de Kléber Leite, então presidente (e seu ex-colega de rádio), que queria contratar alguém de perfil agregador. Três décadas depois, avalia que foi um grande acerto, e que o único técnico que teve mais apoio popular que Apolinho foi Jorge Jesus.
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— Nós tivemos uma relação familiar. Tivemos, não, temos. As famílias continuam. Nossa relação começou em um aconselhamento — lembra Kléber. — Eu estava começando no rádio e fizemos uma viagem juntos. Ele falou que queria me dar uma dica. Trabalhamos juntos e como concorrentes, e nunca alterou absolutamente nada. Fomos irmãos de vida, independente da situação. Um gênio.
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Sua história será perpetuada não apenas pela legião de fãs que o acompanharam nas rádios Tupi, Globo, Nacional, mas também pelos colegas que fez questão de transformar em amigos. Desde o primeiro trabalho, em 1962, até os últimos anos na Tupi, em contato com as novas gerações de jornalistas, tinha o prazer em trazer as pessoas para perto.
— Quando cheguei ao programa dele, eu era estagiária, não sabia muita coisa. Era um cara extremamente acolhedor com a equipe, e a relação excedia a rádio. Viramos, de fato, amigos. Era uma característica dele, sempre fazia almoços e ficava muito feliz com isso. Dava muitas oportunidades aos jovens. Esse é o legado do Velho Apolo, vai ser eterno nos nossos corações — lembra Mylena Varanda, a “Varandinha”, como ele chamava a sua produtora no “Show do Apolinho”.
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