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Universidade de Columbia, epicentro de protestos pró-Palestina, cancela cerimônia de formatura

Rito foi fragmentado em pequenos eventos poucos dias após a polícia invadir a instituição para deter e desmantelar um acampamento organizado em um histórico prédio da instituição

Agência O Globo - 06/05/2024
Universidade de Columbia, epicentro de protestos pró-Palestina, cancela cerimônia de formatura

A Universidade de Columbia, epicentro de protestos estudantis pró-Palestina, anunciou nesta segunda-feira o cancelamento da cerimônia de formatura tradicional, que ocorreria no próximo dia 15 de maio. A decisão foi tomada poucos dias após a polícia de Nova York ter entrado para retirar e deter estudantes que ocupavam um prédio histórico da instituição, em meio à resolução da reitoria de dar um ultimato para o fim do acampamento, com a ameaça de suspender estudantes.

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O evento principal foi fragmentado em pequenas cerimônias espalhadas ao redor do campus, baseado em Nova York, e os recursos da universidade investidos na formatura serão voltados para mantê-los "seguros, respeitosos e funcionando perfeitamente". Os primeiros ritos ocorrerão já na sexta-feira.

"Nossos alunos enfatizaram que essas comemorações em menor escala, realizadas na própria unidade, são mais significativas para eles e suas famílias. Eles estão ansiosos para subir ao palco sob aplausos e orgulho dos familiares e ouvir os oradores convidados", escreveu a universidade em um comunicado. As cerimônias foram transferidas para o campus South Lawn of Morningside.

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Há duas semanas, a Universidade do Sul da Califórnia (USC) também anunciou o cancelamento da sua cerimônia tradicional, que congrega 65 mil estudantes, familiares e amigos ao mesmo tempo durante 1h30. Assim como em Columbia, seus ritos foram fragmentados em dezenas de formaturas satélites nas unidades.

Manifestações contra a guerra Israel x Hamas na Faixa de Gaza têm abalado os campi nos Estados Unidos há semanas, provocando repressões, prisões em massa e uma diretriz da Casa Branca para restaurar a ordem. A universidade baseada em Manhattan, no estado de Nova York, foi a centelha desses protestos, após mais de cem estudantes terem sido detidos em meados de abril.

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A atuação da polícia, contudo, teve pouco efeito sobre os manifestantes, levando a universidade a apostar nas negociações. Os estudantes fizeram três exigências: o fim de investimentos em empresas que apoiam o governo de Israel, sobretudo no setor armamentista; transparência nas finanças universitárias; e anistia para estudantes e professores alvo de ações disciplinares por sua participação nos protestos.

A expectativa era de que os acampamentos fossem desmantelados mediante um acordo, mas um impasse foi declarado. Na última terça-feira, a polícia voltou ao campus para retirar um grupo de manifestantes que ocuparam um prédio histórico de Columbia, o Hamilton Hall, no campus em Upper Manhattan. Ao menos cinco ônibus foram utilizados para levar os manifestantes, relatou o New York Times.