Internacional
Panamenhos votam para presidente; pupilo de Martinelli é favorito
José Raúl Mulino tornou-se candidato da oposição em um procedimento polêmico de troca de cabeça de chapa após ex-presidente ser condenado por lavagem de dinheiro

Os panamenhos vão às urnas, neste domingo, em eleições gerais agitadas pelo controverso ex-presidente Ricardo Martinelli, que liderou o país entre 2009 e 2014 e foi substituído por José Raúl Mulino após ser condenado a quase 11 anos de prisão por lavagem de dinheiro. Seu pupilo é o favorito, com cerca de 20 pontos de vantagem sobre seus três rivais imediatos.
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Oito candidatos disputam o poder, mas os holofotes estão sobre Mulino, candidato do partido Realizando Metas (RM, fundado por Martinelli), que está à frente de seus três rivais imediatos por cerca de 20 pontos, segundo as pesquisas.
Ele é um advogado de direita de 64 anos, de caráter forte e cabelos grisalhos, e substituiu Martinelli depois que ele foi inabilitado como candidato após a reafirmação de uma condenação por lavagem de dinheiro.
Sua candidatura foi validada pela Suprema Corte do Panamá nesta sexta, em meio a alegações de que essa alteração na chapa era inconstitucional, por Mulino não ter sido submetido à fase de primárias, nem ter candidato a vice-presidente, o que é exigido por lei. Essa ação criou um clima de incerteza em uma semana decisiva para as eleições, na qual três milhões panamenhos irão escolher o seu próximo presidente, além de 71 deputados e governadores locais, em um único turno.
Atrás de Mulino, nas pesquisas de intenção de voto, aparecem o ex-presidente social-democrata Martín Torrijos, filho do general Omar Torrijos, que negociou com Washington a entrega do Canal do Panamá, e os advogados de centro-direita Rómulo Roux e Ricardo Lombana, que podem ser opções, caso o resultado deste domingo surpreenda.
Depois de votar na manhã de domingo, Mulino pretende visitar o magnata de 74 anos na embaixada da Nicarágua, onde pediu asilo em fevereiro devido à sua prisão iminente.
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Mulino foi ministro da Segurança durante o governo de Martinelli. No passado, também foi chanceler e ministro da Justiça. Entre 2015 e 2016, esteve em prisão preventiva por corrupção, mas foi solto devido a erros processuais. Apesar de estar asilado, Martinelli fez campanha eleitoral para Mulino e participou do encerramento da campanha no domingo passado por vídeo.
“Martinelli é Mulino e Mulino é Martinelli”, diz o lema de campanha do candidato direitista. Os seguidores de Martinelli garantem que em seu governo a economia, impulsionada por grandes obras de infraestrutura, como a ampliação do canal do Panamá e a primeira linha de metrô, estava melhor. Alguns asseguram que Martinelli “roubou, mas fez”.
A eleição presidencial é decidida por maioria simples. As urnas abriram às 7h, no horário local, e serão fechadas às 16h, o que corresponde a 18h em Brasília.
Triunfo da impunidade?
Em um país sem partidos de esquerda, os candidatos apresentaram planos de governo muito semelhantes e, além de oferecerem empregos em massa e dinamismo econômico, prometeram reformas constitucionais para acabar com a corrupção.
O presidente Laurentino Cortizo, do social-democrata Partido Revolucionário Democrático (PRD, maioria), deixa o poder reprovado pelo escandaloso pagamento de bolsas estatais a políticos e suas famílias. Desta vez, o candidato do partido no poder, José Gabriel Carrizo, aparece em baixa nas pesquisas.
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Embora o cansaço da corrupção seja palpável nas ruas, é paradoxal que Martinelli, acusado de espionagem telefônica e suborno pela construtora brasileira Odebrecht, tenha grande popularidade.
— Será o triunfo da impunidade — disse à AFP Lina Vega, presidente da Transparência Internacional no Panamá.
Muitos panamenhos, no entanto, anseiam pelo retorno de um governo marcado pelo boom econômico e obras de infraestrutura como a expansão do Canal do Panamá e o primeiro metrô da América Central.
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