Internacional

Procurador venezuelano acusa ex-ministro de conspirar com oposição e os EUA contra Maduro

Preso neste mês por vínculos com esquema que causou prejuízo bilionário em petroleira estatal, Tareck El Aissami foi chamado de 'chefe de uma máfia corrupta'

Agência O Globo - 30/04/2024
Procurador venezuelano acusa ex-ministro de conspirar com oposição e os EUA contra Maduro

O procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, acusou o ex-ministro do Petróleo, Tareck El Aissami, de “conspirar” com a oposição e os Estados Unidos para derrubar o presidente Nicolás Maduro. Chamado por Saab de “chefe de uma máfia corrupta” nesta segunda-feira, El Aissami foi preso em 9 de abril por vínculos com um esquema que levou ao prejuízo de US$ 17 bilhões (R$ 86,9 bilhões) da petroleira estatal PDVSA. Outras 65 pessoas foram detidas no mesmo caso.

— Não era somente corrupção moral, mental, de espírito e alma desta gente, mas também a corrupção política e ideológica que os levou, sem nenhum tipo de vergonha, a se aliar com os piores inimigos da pátria — disse Saab, que revelou uma “conspiração política lamentável” e a associou a Leopoldo López, líder opositor isolado.

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Saab divulgou áudios de conversas realizadas em 2020 entre o braço direito de El Aissami, o empresário detido Samark López, e dirigentes opositores exilados, como Julio Borges, Carlos Vecchio e Carlos Ocariz, ex-prefeito de um dos cinco municípios que compõem Caracas. Ao comentar o assunto na TV estatal, Maduro afirmou que “configurou-se uma máfia muito corrupta, que aproveitou a confiança e o poder concedidos não apenas para fraudar o país, para roubar, mas [para articular] um um plano com a extrema direita e o governo dos EUA”.

Segundo o procurador-geral, “El Aissami, Smark López e todo o conglomerado corrupto que o acompanhava” mantinham contatos com funcionários americanos como o embaixador James Story, que esteve à frente do escritório para Assuntos da Venezuela em Bogotá. López negou as acusações de “conspiração”, embora tenha admitido ter conversado com a mão direita de El Aissami. Ele afirmou, em entrevista coletiva, ter mantido “comunicações” com “muitas pessoas do regime”.

— Muitas pessoas que estão alinhadas na estrutura de poder da ditadura que também estão [inseridas] estiveram e continuam interessadas em que ocorra a mudança na Venezuela — afirmou.

Ocariz também admitiu os contatos, mas alegou que se deviam a uma proposta para liberar recursos congelados por sanções para investi-los em planos sociais devido à pandemia da Covid-19.

Saab não descarta novas prisões. A investigação do esquema na PDVSA começou há um ano. El Aissami renunciou e desapareceu da vida pública até ser preso. Desde 2017, a procuradoria acumulou mais de 30 investigações de corrupção na estatal, e outros três ex-ministros do Petróleo foram acusados: Nelson Martínez, que morreu na prisão; Eulogio Del Pino, detido; e Rafael Ramírez, que fugiu para a Itália.