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Biden apoia a liberdade de expressão nos campi universitários, mas denuncia 'retórica de ódio'

Nesta quarta-feira, mais de 20 estudantes foram presos durante um protesto no campus da Universidade do Texas, em Austin, que reuniu mais de 200 alunos

Agência O Globo - 24/04/2024
Biden apoia a liberdade de expressão nos campi universitários, mas denuncia 'retórica de ódio'
Joe Biden - Foto: REUTERS/Jonathan Ernst/Direitos Reservados Fonte: Agência Brasil

O presidente Joe Biden “apoia a liberdade de expressão, o debate e a não discriminação nos campi”, disse uma porta-voz da Casa Branca nesta quarta-feira, à medida que mais e mais estudantes universitários protestam contra a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas em Gaza.

— O presidente acredita que a liberdade de expressão, o debate e a não discriminação nos campi universitários são importantes — disse Karine Jean-Pierre em entrevista coletiva na Casa Branca. — Acreditamos que é importante que as pessoas possam se expressar pacificamente. Mas quando há uma retórica de ódio, quando há violência, temos que denunciá-la.

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As universidades se tornaram um foco de debate nos EUA, com um movimento nacional que pede o fim da guerra e, de forma mais ampla, da ocupação dos territórios palestinos por Israel. Apoiadores pró-Israel, por outro lado, acusam os manifestantes de antissemitismo e argumentam que os campi estão incentivando a intimidação e o discurso de ódio.

Nesta quarta-feira, mais de 20 estudantes foram presos durante um protesto no campus da Universidade do Texas, em Austin, que reuniu mais de 200 alunos, segundo o New York Times. Durante a tarde, houve um tenso impasse com soldados estaduais montados, e a polícia também chegou a usar equipamentos antimotim para tentar conter o tumulto, informou o jornal local Texas Tribune.

Enquanto isso, na Universidade Columbia, em Nova York, onde a polícia prendeu mais de 100 estudantes na semana passada, o presidente da Câmara, Mike Johnson, do Partido Republicano, condenou “o vírus do antissemitismo”, pedindo a renúncia do reitor.

— Se isso não for contido rapidamente e se essas ameaças e intimidações não forem interrompidas, será o momento apropriado para a Guarda Nacional — declarou.

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Em um incidente de grande repercussão em 1970, a Guarda Nacional da Universidade Estadual de Kent, em Ohio, disparou contra estudantes durante protestos contra a Guerra do Vietnã, matando quatro pessoas.

Na quinta-feira da semana passada, 133 pessoas que participavam de um protesto foram detidas no principal campus de Columbia, segundo a polícia. Desde então, outras manifestações contrárias ao conflito foram registradas no local e se espalharam pelas universidades do país, com mais detenções.

Também foram registrados protestos na The New School, no estado de Nova York, na Universidade Yale, em Connecticut, onde 47 pessoas foram detidas, na Universidade do Michigan, em Ann Arbor, na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e na Universidade Brown, em Rhode Island, onde cerca de 90 estudantes levantaram um acampamento nesta quarta-feira.

Há décadas as universidades americanas convivem com o debate sobre a questão Palestina, mas o ataque do Hamas em 7 de outubro e a subsequente operação militar de Israel na Faixa de Gaza aprofundaram as diferenças, especialmente entre os americanos mais jovens. Desde então, Washington tem tentado andar na corda bamba para apoiar Israel enquanto Biden concorre à reeleição em novembro.

Nesta quarta-feira, a Casa Branca exigiu “respostas” das autoridades israelenses depois que valas comuns foram descobertas em Gaza — enquanto o presidente Joe Biden, no mesmo dia, também aprovou bilhões de dólares em ajuda militar ao seu principal aliado no Oriente Médio.

Israel iniciou a guerra em Gaza depois de um ataque sem precedentes do Hamas em 7 de outubro, que resultou na morte de cerca de 1.170 pessoas, de acordo com uma contagem da AFP de números oficiais israelenses.

Desde então, a operação militar israelense causou um desastre humanitário e deixou mais de 34 mil pessoas mortas na Faixa de Gaza, a maioria civis, de acordo com o Ministério da Saúde do Hamas, que governa o território desde 2007. (Com AFP e The New York Times)