Política

Projeto que impede invasores de terra de receber benefícios do governo avança na Câmara após ofensiva do MST

Invasores de propriedades ficam vedados de receber benefícios sociais federais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida

Agência O Globo - 23/04/2024
Projeto que impede invasores de terra de receber benefícios do governo avança na Câmara após ofensiva do MST
Projeto que impede invasores de terra de receber benefícios do governo avança na Câmara após ofensiva do MST - Foto: Reprodução/internet

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprovou, nesta terça-feira, um projeto de lei que impede invasores de propriedades privadas de receber benefícios sociais federais, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida. Com a aprovação na CCJ, a expectativa é que o projeto seja pautado para o plenário. Na CCJ, foram 38 votos favoráveis, 8 contrários e um abstenção.

Os debates na CCJ ocorreram em meio à nova investida do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que retomou as invasões e disse ter ocupado 24 propriedades desde o início do mês, no Abril Vermelho. Na semana passada, em outra frente do "pacote" de medidas que tenta frear as ações do MST, a Câmara aprovou urgência para apreciar um projeto de lei que se refere a invasões de terra.

Bate-boca na CCJ

A sessão de aprovação do projeto de lei na CCJ foi marcada, desde o início, por tentativas de embargo dos governistas.

O deputado Patrus Ananias (PT-MG) disse que o projeto estava sendo votado "na esteira da escravidão e da concentração brutal da terra". O texto impede o recebimento de benefício sociais federais por condenados por crimes de invasões de terras e esbulho possessório, além de vedar o exercício de função pública.

— Além desta origem, o projeto é inconstitucional, inaceitável e uma agressão à lei. Este projeto prejudica famílias ao retirar o direito, por exemplo, de receber o Bolsa Família por ter cometado tal delito. Isto prejudicará família inteiras. É por isso que considero uma ofensa ao ordenamento jurídico nacional — afirmou.

O deputado Victor Linhalis (Podemos-ES) respondeu aos argumentos de Ananias. Linhalis deixou o posto de vice-líder do governo na Câmara nesta segunda-feira. Ele acusa do líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE), de influenciá-lo a mudar seu voto em relação ao projeto. Ele se diz favorável ao texto e argumenta que não aceitou interferências.

— Quem quer as pessoas que cometem violações recebendo benesses dos estados? É necessário entender que o crime não compensa e que a vítima, neste caso, é o produtor rural — disse.

— Isso é uma mistura de hipocrisia com farsa. A mesma turma que defende

No início do mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou um programa para a reforma agrária, em solenidade no Palácio do Planalto, com a participação do grupo. A nova ofensiva dos sem-terra provocou reação dos governadores Ronaldo Caiado (Goiás), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e da bancada ruralista — todos alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Aliado histórico do PT, o MST voltou a invadir terras no momento em que o governo tenta se aproximar de ruralistas. A relação conflituosa entre o agro e os sem-terra coloca Lula em um ponto de pressão entre a militância de esquerda e a necessidade de ampliar sua base.