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'Sonho que eu tinha quando era muito novo. É meu ídolo', diz Romarinho sobre expectativa de jogar com pai no America

Surpreendido pela notícia da volta de Romário aos gramados, jogador de 30 anos revela detalhes da parceria que já acontecia nas peladas em casa e importância dos conselhos do pai na sua vida

Agência O Globo - 20/04/2024
'Sonho que eu tinha quando era muito novo. É meu ídolo', diz Romarinho sobre expectativa de jogar com pai no America

O anúncio da inscrição de Romário para disputar algumas partidas da Série A2 pelo America, aos 58 anos, causou grande repercussão durante a semana e pegou especialmente de surpresa uma pessoa: seu filho Romarinho. Aos 30 anos, o atacante, que tinha sido contratado pelo clube em março, terá a chance de jogar profissionalmente com o pai pela primeira vez em sua vida.

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A ideia partiu de Romário, eleito presidente do America no fim do ano passado. Aposentado em 2009, ele viu Romarinho crescendo na base do Vasco, mas não conseguiu ter a oportunidade de jogar ao lado do filho. O desejo sempre foi recíproco.

— Era um sonho que eu tinha quando era muito novo. Estudava na escola do Vasco e assistia a ele treinando. Quando se aposentou, imaginei que não cumpriria esse sonho, mas nesta semana veio a notícia — disse Romarinho ao GLOBO. — Só de saber que ele pode entrar em campo comigo, é uma honra. Além de ser meu pai e ídolo do planeta, é meu ídolo.

O filho só descobriu a novidade quando ela se tornou pública, na última terça-feira. Junto de toda família, tentou entender o que estava acontecendo. Antes que o pai viajasse para Brasília — Romário é senador pelo PL —, almoçou com ele e recebeu “garantias”.

— Perguntei se ele ia aguentar mesmo. Falou que vai treinar quando der, fazer academia. Está animado e se preparando bem — revelou Romarinho, antes de admitir: — Vai ser difícil jogar do lado do homem, a pressão é grande. Mas tenho certeza que vai ser muito bacana para a gente e para o futebol vê-lo entrar em campo de novo.

Parceria caseira

Dentro das quatro linhas profissionais, eles estarão editando uma dupla que sempre existiu no ambiente familiar. Jogar peladas sempre foi um costume de pai e filho — algo que cessou desde o último dia 7 de março, quando Romarinho foi anunciado pelo America e passou a se dedicar à pré-temporada. A carreira política de Romário também diminui o tempo de convívio entre os dois.

Ainda assim, não faltam histórias. A casa da família conta com um campo onde eles recebem amigos, muitas vezes juntando equipes e fazendo os perdedores pagarem um churrasco. Sobrou até para o ex-jogador Djalminha.

— A gente já fez peladas só de brincadeira. Jogamos juntos, jogamos contra. Djalminha é nosso melhor “cliente”. Monta um time, mas, infelizmente, não consegue vencer — brinca.

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O filho aponta que as qualidades técnicas do pai no ataque seguem sendo indiscutíveis, e que seus cuidados com a saúde animam a todos. Ainda assim, revela que o novo velho jogador está ciente que o futebol de hoje pede um nível físico difícil de ser alcançado. Só há uma forma de compensar isso.

— Nossa responsabilidade é fazer as jogadas e deixar a bola chegar limpinha nele. Dentro da área, vai ser sempre o melhor do mundo. Conhece o caminho do gol — diz o jogador, que brinca de novo: — Se tinha cobrança na pelada, imagina valendo três pontos (risos). O jeito sincero e com personalidade bem forte é o mesmo dentro de casa.

Acima de tudo, será simbólico para Romarinho jogar no clube do coração da família, junto do pai, que sempre o ajudou a se acertar na vida. Se no campo, ele acabou se tornando um ponta e com menos frequência de bolas na rede — com passagens por clubes como Brasiliense, Macaé, Figueirense e Joinville —, os “toques” de Romário fora dele foram fundamentais. A chance no novo projeto do America chega em boa hora.

— Ele fez a carreira brilhantemente. Gostava de sair, mas nunca bebeu. Eu já gostava de tomar um “drinkzinho”, e acabei, algumas vezes, me atrapalhando. Fiz mal para mim mesmo — admite. — Ele sempre me aconselhou para ter a cabeça no lugar. Consegui amadurecer e sou outra pessoa.