Política

Após ataques de Musk, Moraes vê 'união de irresponsáveis mercantilistas' com 'políticos brasileiros extremistas'

Em cerimônia que formalizou a criação de Museu da Democracia, no Rio, presidente do TSE também afirmou que a Justiça está acostumada a combater figuras estrangeiras que tratam o país 'como colônia'

Agência O Globo - 19/04/2024
Após ataques de Musk, Moraes vê
'união de irresponsáveis mercantilistas'  com 'políticos brasileiros extremistas'
Moraes - Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF

Após uma sucessão de ataques por parte do bilionário Elon Musk, proprietário da rede social X (antigo Twitter), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, voltou a rebater as acusações do empresário. O magistrado, que também integra o Supremo Tribunal Federal (STF), é o principal alvo da ofensiva, em meio a críticas ao teor de decisões tomadas por ele no âmbito de inquéritos que tratam de investigações sobre investidas antidemocráticas e milícias digitais.

— A Justiça Eleitoral está acostumada a combater mercantilistas estrangeiros que tratam o Brasil como colônia. Está acostumada a combater políticos que preferem se submeter a ordens estrangeiras do que o desenvolvimento do Brasil — afirmou Moraes.

A declaração foi dada durante a formalização da criação do Museu da Democracia, que deve ser inaugurado em 2026 e ficará localizado no prédio do Centro Cultural da Justiça Eleitoral (CCJE), no Rio de Janeiro. A iniciativa é um a parceria entre a Prefeitura do Rio e o TSE.

Ao falar da importância do museu, Moraes retomou o tema Musk, ainda que sem citar o dono do X nominalmente. Para o ministro, é fundamental combater o abuso de poder econômico das redes sociais.

— Essa antiguíssima mentalidade mercantilista volta a atacar a soberania, volta a atacar a Justiça Eleitoral, com a união de irresponsáveis mercantilistas ligados às redes sociais com políticos brasileiros extremistas. A Justiça Eleitoral não se abala — frisou.

Prédio histórico

O prédio do CCJE foi escolhido para sediar o museu por ter sido palco de importantes manifestações populares, como a “Passeata dos cem mil” e o movimento das “Diretas já” durante a ditadura militar.

As obras que serão expostas vão fazer referência aos pilares da democracia, como participação popular e liberdade de imprensa. Haverá menções aos atos golpistas do 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A primeira obra, de autoria do artista plástico Vik Muniz, rememora o dia dos ataques, e reconstituiu a fachada do Congresso Nacional com os cacos de vidros que foram estilhaçados.

Além de Moraes, marcaram presença no evento o corregedor nacional de Justiça, Luís Felipe Salomão, o governador do estado do Rio, Cláudio Castro (PL), o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o secretário municipal de Governo Felipe Santa Cruz.

Na solenidade, Paes trocou afagos com Moraes e afirmou que o ministro é responsável pela manutenção da democracia no país:

— Queria saudar tantos brasileiros que, no passado deram a vida pela democracia, e faço isso na figura do pai do meu secretário Felipe Santa Cruz, morto pela ditadura. E saudar aqui o homem que vem atuando de forma rígida para manter a democracia no país, o ministro Alexandre de Moraes — disse o prefeito.