Economia
Campos Neto destaca que intervenção no câmbio deve ser feita apenas quando há disfuncionalidade
Presidente do BC diz que o risco de intervir na moeda em qualquer situação é criar distorções
O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse que uma das coisas “que aprendemos” é seguir o princípio da separação e atuar no mercado de câmbio apenas quando há uma disfuncionalidade, como um erro de precificação ou a maturidade de algo grande chegando.
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— Fora isso, acho que o que você faz é criar mais distorção do que você é capaz de corrigir — disse ele, que participa do seminário “Capital flows and growth: where is the money going” promovido pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, nos Estados Unidos.
O princípio de separação são os seguintes, explicou Campos Neto: as taxas de juros são para política monetária, as medidas macroprudenciais para estabilidade financeira e o câmbio é flutuante.
O presidente do BC ressaltou que o Brasil ficou um ano sem intervenções e que sempre se pergunta qual é o ponto ótimo de intervenções.
— Se você não intervir, você pode criar uma disfunção porque você começa a ter um crescimento e pode ter uma corrida. Se você não intervir de maneira nenhuma, é um erro. Se intervir muito, também é um erro. O que se faz é apagar a capacidade do ativo para ser hedge e quando você faz isso, as pessoas procuram por outros ativos para hedge.
O presidente do BC ressaltou que, no caso do Brasil se intervir muito pesado, as pessoas vão na ponta longa das taxas e na dívida é mais difícil de fazer uma intervenção.
Campos Neto pontuou que o Brasil trocou dívida externa por dívida interna longa.
— Quem compra a dívida interna? O investidor estrangeiro. O que eles têm que fazer para comprar? Tem que vender dólares e comprar reais. Então, se tiver uma corrida na ponta longa da curva, você também tem uma demanda por dólar
Ele afirmou ainda que as vulnerabilidades do Brasil estão bastante atreladas ao cenário global e que a dívida soberana mundial está alta, citando Estados Unidos, Europa e Japão, comparando com o nível de antes da pandemia.
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Sobre dívida, Campos Neto ressaltou que houve momentos em que ela cresceu, mas caiu rapidamente e esse não é o caso desta vez.
No caso do Brasil, o presidente do BC ressaltou que o país fez o dever de casa, com reformas, citando a Reforma Tributária e a Reforma da Previdência.
— Nós fizemos o arcabouço fiscal, obviamente as pessoas questionam a extensão que você consegue seguir o arcabouço, mas nós fizemos.
Campos Neto também ressaltou que o principal desafio é ser capaz de se reinventar “com mais empreendimentos privados e mais política para crescimento entendendo que eventualmente vai ser necessário promover crescimento com menos governo, menos dívida”.
(*Especial para o GLOBO)
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