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Apesar de líder da MLS, por que o Inter Miami não virou potência mesmo com grandes contratações?

Time continua longe de soberania esperada na liga americana e disputas intercontinentais

Agência O Globo - 19/04/2024
Apesar de líder da MLS, por que o Inter Miami não virou potência mesmo com grandes contratações?
Foto: Reprodução

Lionel Messi, Luis Suárez, Jordi Alba e Sergio Busquets são os quatro nomes de peso que chegaram para reforçar e mudar o patamar do ainda "novato" Inter Miami na Major League Soccer (MLS). Apesar de estarem na ponta da conferência leste com quatro vitórias em nove partidas disputadas, a equipe fundada em 2018 ainda não empolgou como potência e foi eliminada precocemente nas quartas de finais da Concachampions, para o Monterrey.

Retrospecto

O 25º clube fundado da Major League Soccer, em 2020, ocupou o 19º lugar na temporada regular, com apenas 7 vitórias em 23 partidas, em 2020. No ano seguinte, conseguiu terminar uma posição abaixo, acumulando 5 vitórias a mais que na temporada anterior, porém, com 17 derrotas. Já em 2022, conseguiu o 12º lugar na temporada regular e se classificou para os playoffs, sendo eliminado na 1ª rodada dos playoffs para o New York City FC. Até então, o time era treinado por Phil Neville, companheiro de Beckham no Manchester United.

Em 2023, com a chegada de Messi e a dupla espanhola que atuou no Barcelona, e com Neville passando o comando para Gerardo Martino, o time conquistou seu primeiro troféu, a Copa das Ligas, após vencer em uma eletrizante disputa que chegou a 22 pênaltis cobrados.

Dependência e elenco limitado

O dono do time, David Beckham, foi o responsável por rechear o elenco com os super astros que, apesar de grandes carreiras, não desempenham mais o alto nível de seu futebol por já passarem dos 35 anos. Por isso, procuraram na MLS uma forma de seguir até encerrar as atividades nos gramados. O fato faz com que o quarteto não consiga ter sequência juntos em muitas partidas, já que a fadiga e lesões tem colocado de fora alguns do nome, mais recentemente o do argentino, que não disputou o primeiro dos confrontos da eliminação para o Monterrey.

O time teve que se desfazer de parte do seu elenco da temporada passada para estar dentro do limite salarial imposto pela MLS e, por isso, perdeu peças que auxiliavam a trazer competitividade para a equipe. Por isso, o Inter Miami ainda sofre contra outras equipes com elencos já consolidados, tanto na liga nacional, como nas competições intercontinentais. O editor-chefe do Território MLS Celso Oliveira analisa como esses pontos impactaram na derrota que os eliminou da Concachampions.

— Apesar de contar com jogadores estrela como Lionel Messi, Luis Suárez, Sergio Busquets e Jordi Alba, o Inter Miami pareceu estar em desvantagem contra o Monterrey, em outras posições, destacando uma possível super dependência do talento individual em vez da coesão da equipe. Com isso, a desvantagem contra as grandes equipes, sejam ela no México durante as competições intercontinentais, ou durante competições da FIFA, ou amistosos, onde a diferença fica ainda mais clara — declarou ele.

Fracasso dentro dos gramados

Apesar dos quatro grandes nomes contratados, outros atletas ainda com pouca idade e precisando de tempo para se desenvolver também chegaram a equipe como Federico Redondo, Tomás Avilés e Facundo Farías. O que parte dos torcedores e espectadores esperavam era que o movimento levasse o time a executar o melhor futebol visto, fora os placares finais.

Fato esse que não tem acontecido. Apesar de placares elásticos ao seu favor, o Inter Miami também lida com derrotas inesperadas e vem de uma sequência inconsistente, com uma vitória, dois empates e duas derrotas nos últimos cinco jogos disputados. Celso também explica que a falta de preparação do time para ambientes hostis tem afetado seu desempenho.

— O Inter Miami enfrenta dificuldades em jogos fora de casa. A eliminação da Champions foi mais um passo errado na trajetória da equipe em mudar a percepção do mundo sobre a liga norte-americana. Sobrecarregada, a equipe não soube lidar com o ambiente adverso em Monterrey, sofrendo um gol tenebroso logo no começo da partida, desmoronando assim qualquer chance para a equipe reagir no placar da série de dois jogos — disse.

Adaptação aos limites da liga

A Major League Soccer possui algumas restrições aos times no quesito de transferências de jogadores, para que as equipes possam ter elencos equilibrados. Em 2023, o teto salarial disponibilizado para assinar com cada jogador era de 650 mil dólares (R$3,3 milhões).

Esse limite é o que impede o Inter Miami de rechear o elenco com bons jogadores, tendo que se contentar com atletas de baixo nível. Em uma entrevista ao jornal espanhol AS, o técnico Gerardo Martino alertou para as dificuldades atreladas ao limite estabelecido.

— Às vezes é preciso se livrar de jogadores na última hora que você não quer sair, mas como eles têm mercado e há uma quantia significativa de dinheiro, isso acontece. Meu desejo é que para o Orlando tenhamos o elenco completo — falou.