O Comitê Olímpico do Brasil (COB) anunciou o coach Joel Jota como mentor e um dos padrinhos da delegação que participará dos Jogos Olímpicos de Paris-2024. O ex-nadador já fez trabalho de preparo mental para clientes como o atacante Rodrygo, do Real Madrid, e para o ex-jogador Gilberto Silva. Mas seu nome não agradou a todos.

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Jota se anunciava em seu site como "atleta profissional da Seleção Brasileira de Natação, diversas vezes campeão brasileiro como nadador e treinador" e “um dos nadadores mais rápidos do mundo”. O motivo de seu anúncio como mentor do Time Brasil ter incomodado alguns atletas é que estas informações levantadas por ele são mentiras.

"Não existe problema algum em não ter chegado à seleção ou não ser atleta de ponta. A questão aqui, é que esse cidadão vende o que não foi. E vou além, ele não é psicólogo", escreveu a ex-nadadora Joanna Maranhão, finalista olímpica em Atenas-2004 nos 400m medley, em sua conta no X (antigo Twitter), continuando:

"Entrei na seleção brasileira absoluta em 2002 e parei de nadar em 2017. Joel NUNCA esteve na equipe principal".

Bronze nos 50m livre em Tóquio-2020 e quatro vezes medalhista no Mundial de Esportes Aquáticos, Bruno Fratus também mostrou insatisfação com a escolha. O motivo é o mesmo: a forma mentirosa como Jota se vende para adquirir credibilidade.

"Nem o MEDALHISTA OLÍMPICO Bruno Fratus já teve essa audácia", escreveu o nadador também no X, continuando:

"Não é esse o ponto, não desmerecemos resultado. O que a gente não gosta é mentira", escreveu a um seguidor que apontou o fato de Jota nunca ter participado de uma Olimpíada enquanto atleta.

Ao site do Estadão, ele comentou as críticas que passou a receber depois do anúncio do COB. Segundo Jota, ele não está "indo para nadar" e irá "dar uma levantada na motivação" dos atletas.

"O COB veio atrás de mim por conta de tudo aquilo que fiz na minha carreira após a natação. Eu não estou indo para nadar. Eu estou indo porque eu sou uma pessoa que tem rede social grande, que posso mostrar os valores olímpicos. Vou dar uma levantada na motivação. Não vou fazer nenhum papel de treinador, não vou fazer nenhum papel de psicólogo", disse o coach.

Na mesma entrevista, ele diz que foi a uma Copa do Mundo de natação e que isso é uma convocação de seleção brasileira. Só que o torneio a que ele se refere não é o Mundial de Esportes Aquáticos, principal competição da modalidade.

A Copa do Mundo é considerada de menor nível técnico. Principalmente na época em que Jota competiu (edições de 2005 e 2006). Havia dez etapas por ano (hoje são apenas três) e, para participar, bastava pagar inscrição. Não havia a necessidade de se atingir um índice. Para completar, a competição era disputada em piscina curta, de menor status e nível técnico no mundo da natação.

Sobre ter sido "um dos nadadores mais rápidos do mundo", Jota explicou que é a opinião dele mesmo sobre seus feitos. Mas retirou o termo do site após as críticas.

“Já fui sétimo na Copa do Mundo, sou um dos melhores do mundo do que eu faço. E aí a pessoa opinou. ‘Nem eu que sou medalhista falo desse jeito’. Essa é a sua opinião. O jeito que eu uso os meus feitos é para promover o meu trabalho”, disse ao Estadão.

Além de Rodrygo e Gilberto Silva, Jota também já deu palestra para o pai de Neymar e foi coordenador do Instituto Neymar Jr entre 2014 e 2021. No ano passado, deu palestras para o elenco do Santos, que vivia má fase. O time terminou 2023 rebaixado para a Série B pela primeira vez na História.