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Militar envolvido em desvio de dinheiro da petrolífera estatal venezuelana morre sob custódia policial

Quase 60 pessoas foram detidas desde março de 2023, altura em que o Ministério Público anunciou o início da investigação

Agência O Globo - 17/04/2024
Militar envolvido em desvio de dinheiro da petrolífera estatal venezuelana morre sob custódia policial
Tareck El Aissami

Um soldado acusado de um complô de corrupção na estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA), no meio do qual foi preso o ex-ministro do Petróleo Tareck El Aissami, morreu sob custódia policial, informou nesta quarta-feira o Ministério Público do país. Segundo o órgão, Marino José Lugo Aguilar morreu por enforcamento.

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O MP enviou "funcionários especializados em patologia, medicina legal e criminologia (…) ao respectivo centro de detenção para efetuarem um reconhecimento do local do fato, dada a informação da morte de um detido", informou no X (antigo Twitter).

Lugo Aguilar trabalhava na área de marketing da PDVSA e foi detido e interrogado pela Direção de Contraespionagem Militar (DGCIM) nesta semana, segundo a imprensa local, no meio das investigações que o Ministério Público vem realizando há um ano por um desvio milionário na PDVSA, que segundo estimativas independentes chega a US$ 17 bilhões (quase R$ 90 bilhões na cotação atual).

Quase 60 pessoas foram detidas desde março de 2023, altura em que o Ministério Público anunciou o início da investigação, que se junta a outras 25 abertas desde 2017 por corrupção na petrolífera estatal. Há outros 17 mandados de prisão expedidos.

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Esta é a terceira pessoa presa neste caso a morrer sob custódia. Nos primeiros casos, o Ministério Público falou em "suicídio".

O ex-ministro do Petróleo, El Aissami, ex-confidente do presidente Nicolás Maduro e de seu antecessor Hugo Chávez sancionado pelos Estados Unidos por acusações de tráfico de drogas, foi preso em 9 de abril por irregularidades na venda de petróleo bruto por meio de ativos criptográficos.

El Aissami, também ex-vice-presidente de Maduro entre 2017 e 2018, renunciou em março de 2023 após o escândalo e desapareceu da vida pública até ser preso.

O setor petrolífero da Venezuela é objeto de inúmeras investigações judiciais. Rafael Ramírez foi acusado de corrupção durante seu mandato de ministro do Petróleo (2002-14) e presidente da PDVSA entre (2004-14). Atualmente, está foragido na Itália. Dois outros titulares da pasta, Eulogio del Pino e Nelson Martínez, foram presos. Martínez morreu sob custódia.