Cidades

"Prendam os prefeitos responsáveis pela venda da água!", exige presidente de ONG em audiência na Assembleia

Gestão desastrosa em foco: Palmeira dos Índios e Santana do Ipanema receberam milhões, mas a crise de água persiste

Redação 17/04/2024
'Prendam os prefeitos responsáveis pela venda da água!', exige presidente de ONG em audiência na Assembleia

Na manhã da última sexta-feira (12), a Assembleia Legislativa de Alagoas tornou-se palco de uma sessão especial acalorada, destacando a ineficácia no manejo dos serviços de saneamento e distribuição de água, um problema que tem afligido moradores de 34 municípios alagoanos. O debate girou em torno das falhas da concessionária Águas do Sertão e da administração de prefeituras como exemplo a de Palmeira dos Índios e Santana do Ipanema, que, apesar de terem recebido, respectivamente, mais de R$100 milhões e R$68 milhões para a gestão desses serviços, não apresentaram melhorias significativas.

O destaque da sessão foi o discurso inflamado de Fernando Valões, presidente da ONG Arte Cultura e Meio, que não poupou críticas às autoridades locais e às práticas das concessionárias. Valões afirmou que a população está consumindo "água que é lama, cheia de coliforme fecal" e acusou diretamente os gestores municipais e os donos das empresas de saneamento de corrupção. "É questão de polícia", exclamou, sugerindo que tanto prefeitos quanto empresários deveriam ser presos por suas ações danosas à comunidade.

“Vai continuar faltando água, porque enquanto continuar a sujeira que foi feita dessa venda do sistema de abastecimento para essas empresas, não vai ter água para não limpar a sujeira. A sujeira das negociações. A empresa comprou um filé, comprou as cidades e ficou a mesma porcaria. As bombas continuam quebradas, o dinheiro que foi pago aos prefeitos e prefeitas, do governo do estado, todo o tempo lá no sertão sem água... quatro, cinco dias, entendeu? Ficam quatro, cinco dias sem água e ainda diziam assim: 'Escute, são as bombas que estão queimadas e o dinheiro foi para onde?' A água que distribui nas torneiras é lama, cheia de coliforme fecal, a população morrendo, é questão de polícia, que era para estar aqui nessa audiência pública, com o comandante da polícia! A polícia aqui dentro para estar prefeito, preso, prefeita presa, dono de empresas, que estão roubando o povo.”

A frustração foi acentuada pela ausência de representantes da Águas do Sertão e da Casal, que cancelaram sua participação na última hora, alegando compromissos conflitantes. O deputado Fernando Pereira, que organizou a sessão, expressou seu descontentamento com a falta de cooperação das empresas, ressaltando a urgência de respostas sobre o uso dos recursos e a qualidade do serviço prestado.

Além disso, a situação da população desses municípios é preocupante, enfrentando cobranças abusivas e cortes de serviços sem aviso prévio, o que agrava ainda mais a situação de vulnerabilidade da população frente à gestão deficiente dos recursos hídricos.

Durante a sessão, Zé Márcio, diretor executivo da Arsal, esclareceu que a agência está atenta e tem fiscalizado o cumprimento dos contratos, mas reconheceu a necessidade de ações mais efetivas para garantir que os direitos dos consumidores sejam plenamente atendidos. Ele incentivou os cidadãos a reportarem qualquer irregularidade diretamente à agência reguladora através do portal e-ouv.

A audiência também contou com a presença de representantes de vários setores da sociedade, incluindo membros do Ministério Público, Defensoria Pública, e líderes comunitários, todos exigindo transparência e ações concretas para resolver a crise de abastecimento de água que continua a assolar a região.

Fernando Valões