Internacional
Netanyahu admite que funcionários de ONG morreram em bombardeio 'não intencional' de Israel em Gaza
Comunidade internacional pede investigação sobre incidente e exige que cessar-fogo seja alcançado
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, admitiu, nesta terça-feira, que os sete trabalhadores da ONG World Central Kitchen mortos durante uma entrega de ajuda humanitária em Gaza, foram alvejados em um bombardeio "não intencional" israelense em Gaza. A morte dos funcionários da ONG gerou uma reação internacional pedindo explicações de Israel e cobrando um cessar-fogo, bem como pedidos de desculpas das Forças Armadas.
Contexto: Sete trabalhadores humanitários da ONG do chef José Andrés morrem em ataque israelense em Gaza
Tumulto: Distribuição de ajuda em Gaza deixa cinco palestinos mortos
“Infelizmente ontem (segunda-feira) ocorreu um incidente trágico, as nossas forças atingiram involuntariamente pessoas inocentes na Faixa de Gaza. Isto acontece numa guerra (…), estamos em contacto com os governos e faremos todo o possível para que isso aconteça. isso não aconteça novamente", declarou ele no hospital onde foi submetido a uma cirurgia no domingo para tratar uma hérnia.
Líderes europeus responsabilizaram o Estado Judeu, exigiram uma investigação sobre o ataque ao comboio humanitário e reforçaram o pedido de respeito ao direito internacional dentro do conflito no enclave palestino.
"Eu presto homenagem aos funcionários do World Central Kitchen mortos em um ataque aéreo israelense em Gaza. Condeno o ataque e peço uma investigação. Apesar de todas as exigências para proteger os civis e os trabalhadores humanitários, assistimos a novas vítimas inocentes. Isto mostra que a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que pede um cessar-fogo imediato, um acesso humanitário total e uma proteção reforçada dos civis deve ser imediatamente implementada", escreveu o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, em uma publicação no X (antigo Twitter).
Pouco depois da manifestação do diplomata espanhol, a Comissão Europeia, órgão executivo da Comissão Europeia, divulgou uma nota apelando por uma "investigação completa da tragédia" e afirmando que os trabalhadores humanitários "devem ser sempre protegidos". O representante para gestão de crises do bloco, Janez Lenarcic, foi mais direto ao condenar o ataque:
"Condeno mais um ataque mortal contra trabalhadores humanitários em Gaza. Isso deve parar. Cessar-fogo agora", escreveu.
Fora do bloco europeu, o secretário de Negócios Estrangeiros do Reino Unido, David Cameron, apelou a uma “explicação completa e transparente” de Israel após a confirmação da morte dos trabalhadores da ONG.
— Eram pessoas que trabalhavam para prestar ajuda vital àqueles que dela precisam desesperadamente. É essencial que os trabalhadores humanitários estejam protegidos e possam realizar o seu trabalho. Apelamos a Israel para que investigue imediatamente e forneça uma explicação completa e transparente do que aconteceu — disse Cameron, em frase relatada pelo jornal The Guardian.
Em um vídeo publicado na manhã desta terça, o principal porta-voz de Israel, Daniel Hagari, afirmou que o país está "comprometido em examinar" as próprias operações e disse que uma investigação seria aberta, com participação de especialistas independentes. Hagari afirmou ter conversado com o diretor da ONG, o chef hispano-americano José Andrés, e expressou suas mais "profundas condolências" pelo que classificou como um "incidente".
— Também expressamos sincero pesar às nações aliadas que tanto fizeram e continuam fazendo para ajudar os necessitados. Estamos revisando o incidente nos mais altos níveis para entender as circunstâncias do que aconteceu e como aconteceu. Estamos abrindo uma investigação para examinar mais detalhadamente esse grave incidente. Isso ajudará a reduzir o risco de tal evento ocorrer novamente — disse Hagari, acrescentando que a ONG também atuou em Israel, após o atentado de 7 de outubro.
A World Central Kitchen anunciou a interrupção das operações em Gaza após a morte dos trabalhadores, anunciando que cidadãos da Austrália, Polônia, Reino Unido, um com dupla nacionalidade dos Estados Unidos e Canadá, e Palestina morreram no incidente.
“[A WKC] perdeu vários de nossos irmãos e irmãs em um ataque aéreo das Forças de Defesa de Israel, em Gaza. Estou com o coração partido e de luto pelas famílias e amigos e por toda a família", escreveu o chef José Andrés. "O governo israelense deve parar com essa matança indiscriminada. Deve parar de restringir a ajuda humanitária, parar de matar civis e trabalhadores humanitários e parar de usar os alimentos como arma”. (Com AFP)
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