Economia

É melhor pagar no crédito ou no débito? Veja quando usar um ou outro

Cada meio de pagamento é indicado para uma situação

Agência O Globo - 25/03/2024
É melhor pagar no crédito ou no débito? Veja quando usar um ou outro
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Se há uma pergunta que está sempre na ponta da língua dos atendentes de lojas, bares, restaurantes e até de entregadores de comida é: “Crédito ou débito?”. Essa questão esconde um dilema que pode ter um grande impacto nas finanças pessoais, seja para o bem ou para o mal.

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Mas qual a melhor opção para cada situação? Segundo Bruno Rocio, assessor de investimentos da Raro Investimentos, o crédito pode ser uma estratégia para “vencer a inflação”. Ele explica que o parcelamento no cartão fixa o valor das parcelas no momento da compra, o que protege os consumidores contra os efeitos da inflação ao longo do tempo.

Beatriz Moraes, especialista em finanças pessoais da Ativa Investimentos, adverte que a escolha entre crédito e débito depende do perfil e da situação de cada indivíduo. O crédito pode ser vantajoso para compras de alto valor, oferecendo benefícios como programas de pontos e seguros. Já o débito proporciona um controle mais rigoroso sobre os gastos, evitando dívidas.

Em casos de emergência e altos gastos, o economista Anderson Sampaio Ferreira sugere uma análise cuidadosa das opções disponíveis:

— Se o parcelamento no cartão não incorrer em juros, pode ser uma alternativa viável para evitar o cheque especial. No entanto, se os juros forem aplicados, é essencial compará-los com as taxas do cheque especial para determinar a melhor opção.

O CEO da Inteligência Comercial, Luciano Bravo, dá dicas sobre como gerenciar métodos de pagamento de forma eficaz:

— Uma maneira mais simples é o consumidor destacar todos os gastos que entrem nos cartões e controlar o uso das reservas. Por exemplo, se a pessoa tem R$ 4 mil de limite, ela pode dividir essa reserva por semana. Assim, é preciso determinar que o consumidor não gastaria mais de R$ 1 mil semanalmente.

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O especialista Sérgio Motta aponta que a Lei federal 14.690, do ano passado, junto a uma regulamentação do Conselho Monetário Nacional (CMN), limitou os juros e os encargos financeiros dos cartões no crédito rotativo a 100% do valor principal (o efetivamente gasto):

— Essa foi uma ótima movimentação recente para os consumidores, uma vez que, na situação anterior, a lei os juros poderiam chegar a 500% ao ano, ou seja, impagável.

DÉBITO

Opção é ideal para gestão financeira e controle de riscos e endividamento escolha correta.

CRÉDITO

Modalidade, na prática, ajuda consumidor a vencer inflação dos produtos.

Planejar é fundamental

Para aproveitar os benefícios do cartão de crédito sem cair nas armadilhas do endividamento, é essencial seguir algumas recomendações. Raquel Pinto Viana Barbosa, consultora de Meios de Pagamentos da Sicredi, ressalta a importância de usar corretamente as ferramentas oferecidas pelos cartões, como programas de recompensas e segurança nas transações.

Além disso, planejar o orçamento mensal e evitar o crédito rotativo são práticas fundamentais para manter o controle financeiro e evitar dívidas desnecessárias, diz Bernardo Lyrio, economista com especialização em finanças. O especialista Jansen Costa, sócio fundador da Fatorial Investimentos, explica quais os pontos negativos de cada modalidade:

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— Seja cartão de débito, seja cartão de crédito, o importante é que a pessoa não misture débito e crédito para que você consiga ter o controle financeiro. Por parte do débito, a pessoa tem o problema de ter que ter o dinheiro para efetuar a compra. A desvantagem do uso do crédito é que a pessoa acaba “brincando” com o dinheiro, tendo limite de uso acima, muitas vezes, do dinheiro que ela tem de rendimentos mensais fixos.

De olho na fatura: cuidados para tomar

O uso dos cartões de crédito e débito pode ser uma faca de dois gumes para muitos brasileiros. Enquanto oferecem conveniência nas transações, quando mal administrados, podem se tornar fontes de endividamento e preocupação financeira. Uma pesquisa recente realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito revelou (SPC Brasil) que mais da metade das pessoas não acompanham os gastos mensais feitos com cartão de crédito, e 80% dos que usam o rotativo desconhecem os juros.

Segundo Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios, a facilidade de parcelamento e a percepção errônea de que dividir uma compra diminui a dívida são armadilhas comuns que levam ao endividamento. O uso impulsivo e a falta de consideração pelas consequências a longo prazo são práticas prejudiciais que podem abrir brechas para gastos desnecessários.

FIQUE POR DENTRO DAS RECOMENDAÇÕES

Que opção oferece mais segurança nas compras on-line?

Em geral, o cartão de crédito oferece mais segurança, já que tem sistemas de proteção mais robustos contra fraudes e permite a contestação de cobranças não reconhecidas, além de limitar a exposição dos fundos da conta bancária em caso de incidentes..

Em uma viagem internacional, qual é o cartão recomendado para evitar taxas extras?

Para evitar taxas de câmbio e transações internacionais, é mais vantajoso usar o cartão de crédito, desde que seja um cartão que ofereça baixas taxas ou benefícios específicos para viagens.

Em situações de emergência, que cartão oferece mais flexibilidade?

O cartão de crédito pode oferecer mais flexibilidade em situações de emergência, pois permite o acesso imediato a uma linha de crédito adicional, enquanto o cartão de débito está limitado aos fundos disponíveis na conta bancária.

Como o tipo de cartão pode influenciar na gestão das finanças?

O uso do cartão de débito tende a promover uma gestão mais conservadora das finanças, enquanto o cartão de crédito exige mais disciplina para evitar o acúmulo de dívidas, pois a não quitação do valor total da fatura resulta no pagamento de juros altos.