Internacional
Petro alerta grupo dissidente das Farcs após suspensão de cessar-fogo: ou seguem a paz ou o 'caminho' de Pablo Escobar
Trégua entre o Exército colombiano e o Estado-Maior Cental (EMC) foi paralisada após a morte de uma indígena em Cauca, no sudoeste do país; principal líder do tráfico colombiano foi abatido em 1993
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, lançou um aviso na quarta-feira ao maior grupo dissidente das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o Estado-Maior Cental (EMC), com quem rompeu no domingo um cessar-fogo pactuado após a morte de uma indígena em Cauca: ou concordem com a paz ou seguirão "o caminho" do principal chefe do crime Pablo Escobar, abatido em 1993.
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As partes mantêm negociações desde o fim do ano passado, mas o assassinato de uma líder indígena, identificada como Carmelina Yule, baleada no rosto no município de Toribío, desencadeou a crise no domingo. As conversas continuam, embora Petro tenha endurecido seu discurso contra a organização, que se dedica principalmente ao narcotráfico.
Os primeiros combates eclodiram na tarde de quarta, após o fim da trégua em três departamentos do país (Cauca, Nariño e Valle del Cauca) entre o Exército e os rebeldes do EMC, composto por dissidentes que se recusaram a assinar o acordo de paz em 2016. O cessar-fogo, porém, continua em vigor em outras regiões onde os dissidentes estão presentes, como a Amazônia e a fronteira com a Venezuela.
— Os que estão lá no EMC têm que decidir já: ou seguem o caminho de Pablo Escobar e o Estado os enfrentará, ou seguem o caminho do serviço ao povo [...] e o Estado os receberá — disse Petro em um ato na quarta-feira.
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Ele também comparou seu comandante, conhecido como Iván Mordisco, com Escobar, abatido pela força pública em 1993. Segundo Petro, o EMC está atacando indígenas e camponeses que vivem em Cauca, Nariño e Valle del Cauca, no sudoeste do país, e o líder guerrilheiro "está assassinando o povo e fala de revolução."
— Que revolução, que porcaria! É um traficante de drogas vestido de revolucionário — enfatizou o presidente colombiano, que na juventude atuou no grupo guerrilheiro M-19.
'Traiu quem o apoiava'
Mais tarde, uma conta supostamente ligada ao EMC respondeu às acusações de Petro numa mensagem atribuída a Iván Mordisco. “Quando o apoiamos na campanha, não fomos narcotraficantes”, disse o grupo no X, antigo Twitter. “Além de nos trair, [o presidente] traiu as pessoas que o apoiavam”.
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Nas redes sociais, circulou um vídeo atribuído aos novos confrontos no departamento de Cauca, no sudoeste do país, no qual tiros são ouvidos em meio a uma área florestal. A autoridade dos povos originários na região pediu "proteger a população e deter a violência".
— Não podemos mais permitir que essa estrutura de traficantes que se autodenomina exército do povo continue se achando dona dos nossos territórios — denunciou.
Negociações com rebeldes
Após assumir a Presidência em agosto de 2022, o primeiro esquerdista no poder no país apostou em uma solução definitiva para seis décadas de conflito armado e violência por meio do diálogo, plano denominado "Paz Total", após o histórico acordo de paz que desarmou a maior parte das Farcs em 2016.
As negociações com o EMC, porém, avançam com dificuldades. As partes suspenderam as hostilidades no início de 2023, mas o acordo já foi violado pelos rebeldes várias vezes: em meados do ano passado, Petro suspendeu o cessar-fogo por vários meses após o assassinato de quatro menores indígenas que desertaram das fileiras dessa organização.
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O EMC, a principal facção de rebeldes que não aderiu ao acordo de paz, reúne cerca de 3.500 combatentes e controla rotas de narcotráfico nas fronteiras com o Equador e a Venezuela, de acordo com inteligência militar.
Petro também dialoga desde novembro de 2022 com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) e está perto de fazer o mesmo com a Segunda Marquetalia, cujo chefe é o ex-número dois das Farc, Iván Márquez.
Apesar das Farc, considerada a organização rebelde mais poderosa do continente, ter acordado a paz, o conflito persiste no país e deixou mais de nove milhões de vítimas em seis décadas.
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