Economia
Muito além do ‘tomatinho’ e da ‘cenourinha’: produtores investem em versões mini de legumes e verduras
Vegetais em miniatura e do tipo ‘baby’ ganham espaço no prato dos pequenos e na alta gastronomia

Apesar dos atributos nutricionais já conhecidos, frutas, legumes e verduras ainda não estão presentes na quantidade em que deveriam nos pratos dos brasileiros. Dados da Associação Brasileira de Supermercados apontam que só 22% dos brasileiros consomem 400 gramas diários indicados pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).
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Em muitos casos, os preços limitam a compra, porém mesmo entre quem não enfrenta essa restrição, o consumo deixa a desejar, especialmente entre crianças. Numa tentativa de conquistar esse público, produtores têm apostado em mini-hortaliças, que têm forte apelo visual. Mas não apenas para as crianças.
Os vegetais pequeninos são considerados itens gourmet e estão cada vez mais presentes na gastronomia. O tomate grape é um dos mais conhecidos, mas há de um tudo: miniabobrinha, minimaçã, minipimentão, minirrúcula.
Há duas categorias de vegetais em miniatura: baby ou “mini”, diz o pesquisador e chefe-geral da Embrapa Hortaliças Warley Nascimento. Baby são variedades tradicionais colhidas antes de atingirem a fase adulta.
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É o caso de rúcula, agrião, beterraba, cebola, milho, pepino e batata. Já as mini são variedades diferentes das originais, obtidas por meio de melhoramento genético das sementes (não são transgênicos) para serem menores na fase adulta. Nessa divisão encontram-se berinjelas, pimentões doces, tomates, melancias e abóboras.
Além do aspecto peculiar, versões mini têm alto valor nutricional, diz o pesquisador da Esalq/USP, Alasse Oliveira:
— Mesmo sendo colhidos precocemente, as versões baby já contêm todos os nutrientes que precisam para chegar à fase adulta. As novas variedades, no caso das mini, também foram desenvolvidas para conter o mesmo valor nutricional.
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Visual atraente
Uma curiosidade fica por conta das minicenouras, queridinhas das crianças. Variedades pequenas de cenoura existem, mas a maioria nos mercados representa versões cortadas das originais, justamente para se tornarem mais atrativas. Já as minimaçãs e miniperas são frutas adultas de variedades convencionais, mas que não alcançaram o tamanho potencial.
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O produtor Sérgio Ricardo Donófrio, proprietário da Calusne Farms, de Campinas, SP, conta que as mini-hortaliças o salvaram durante a pandemia e o negócio segue crescente desde então.
— Até a pandemia, meu público era exclusivo de restaurantes de alta gastronomia, que foram fechados na fase de isolamento. Nosso faturamento iria a zero, se não fosse o público que passou a comprar vegetais de maior valor agregado para cozinhar em casa. Nesse período, começamos a fazer entregas nas casas — relata.
Hoje, fornece para restaurantes da Região Metropolitana de Campinas, mas não abandonou as entregas.
— Há um interesse crescente de pais que buscam opções para introdução alimentar dos filhos e daqueles que gostam de se inventar na cozinha — afirma.
A produção das Calusne gira em torno de cem quilos mensais e contempla versões mini de abobrinha, chuchu, rabanete, beterraba, cenouras coloridas, milho, alho poró e funcho. Para dar conta do cuidado especial que requer esse tipo de plantio, a empresa tem 35 funcionários. Nascimento, da Embrapa Hortaliças, diz que esse interesse do consumidor reflete o cenário nacional:
— Os clientes que podem pagar um pouco mais por frutas, legumes e verduras têm optado por produtos diferenciados — diz. — Enquanto o consumo de variedades tradicionais tem se mantido praticamente estável nos últimos anos, com crescimento de no máximo 5%, a procura por produtos visualmente mais atrativos, como os mini e baby, têm crescido entre 10% e 20% ao ano. A perspectiva é que essa tendência seja mantida nos próximos anos.
Entre as miniaturas, o campeão de vendas no Ceagesp em 2023 foi o tomatinho grape, com dez mil toneladas comercializadas. O Hortifrúti Natural da Terra informa que houve alta de 15% nas vendas de tomatinhos snacks em 2023.
Terra de gigantes
Marcelo Cury Abumussi, produtor de miniabóboras, minitomates e minipepinos, na Fazenda Itauaú, em Salto, SP, conta que desde o início da produção das miniaturas, ainda em 1997, restaurantes e buffets sempre foram o público-alvo. Mas ele viu a oportunidade de atrair o público infantil e adolescente, por meio de uma abordagem diferente. Desde 2022, a Fazenda Itauaú oferece um programa de turismo pedagógico, chamado Terra de Gigantes.
— Ora, em terras de minivegetais, as crianças são gigantes, e essa é nossa brincadeira. Algo como: ‘querida, encolhi os legumes’! — diz.
O programa é voltado para visitação de grupos escolares, para conhecimento dos processos do campo à mesa, e é adaptado em função da idade dos visitantes, que ao fim do dia, sempre montam e degustam um prato com as miniaturas produzidas na fazenda.
— Minivegetais chamam atenção de crianças e adolescentes, que são bastante exigentes. O prato fica bonito e lúdico, então acabam por ser mais aceitos, mesmo que o sabor seja o mesmo — diz.
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