Internacional
Centenas de pessoas protestam em Cuba contra apagões e escassez de alimentos
Protesto aconteceu em Santiago de Cuba, segunda maior cidade do país
Centenas de pessoas protestaram nas ruas de Santiago de Cuba no domingo (17), após um fim de semana marcado por apagões em todo o país, e que nesta província duram até 13 horas por dia.
"Várias pessoas expressaram seu desacordo com a situação do serviço elétrico e da distribuição de alimentos", afirmou o presidente Miguel Díaz-Canel na rede social X. Ele alertou que "os inimigos da Revolução" tentam aproveitar o contexto, "com fins desestabilizadores".
As plataformas sociais foram dominadas por imagens do protesto em Santiago de Cuba, a segunda maior cidade do país, com 510.000 habitantes, no leste da ilha. Também foram divulgadas imagens de protestos na cidade de Bayamo, na província vizinha de Granma, cuja autenticidade a AFP não conseguiu conformar até o momento.
O protesto aconteceu na avenida Trocha, uma área populosa de Santiago de Cuba, afirmou um morador da cidade, de 65 anos, por telefone à AFP e que pediu para não ser identificado.
"As pessoas gritavam 'comida e corrente'", disse o homem, antes de relatar que a primeira secretária do Partido Comunista na província, Beatriz Johnson Urrutia, seguiu para o local.
Quando ela tentou discursar para a população, que enfrentou apagões de 13 e 14 horas nos últimos dias, a secretária foi interrompida pela multidão.
Mais tarde, a energia elétrica retornou e chegaram "dois caminhões com arroz para os armazéns porque não venderam nada este mês", explicou o homem sobre os alimentos que o governo cubano entrega mensalmente a cada habitante a um preço subsidiado.
Policiais compareceram ao local para controlar a situação, informou uma jornalista no Facebook.
Várias pessoas confirmaram à AFP que o serviço de internet de dados para telefones celulares foi suspenso na cidade.
Em sua mensagem, Díaz-Canel destacou que existem "terroristas radicados nos Estados Unidos, que denunciamos em várias ocasiões, que incentivam ações contra a ordem interna do país", em uma referência à presença ativa nas redes sociais dos dissidentes cubanos no exterior.
A embaixada dos Estados Unidos em Cuba pediu em sua conta na rede X que o governo de Havana "respeite os direitos humanos dos manifestantes" e afirmou ter conhecimento do que aconteceu em Santiago de Cuba e Bayamo.
O chanceler cubano Bruno Rodríguez pediu a Washington para "abster-se de interferir nos assuntos internos do país e de incitar a desordem social".
Desde o início de março, Cuba enfrenta uma nova série de cortes de energia devido às obras de manutenção na central termelétrica Antonio Güiteras, a mais importante da ilha e localizada na província central de Matanzas.
No fim de semana, o problema foi agravado pela escassez de combustível no país, necessário para abastecer as outras termelétricas.
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