Internacional
Líder criminoso do Haiti ameaça iniciar 'guerra civil' caso primeiro-ministro não renuncie
Desde quinta-feira da semana passada, os grupos armados que controlam amplas áreas do país executaram ataques contra lugares estratégicos para derrubar Ariel Henry
Um poderoso líder de uma das gangues que assolam o Haiti ameaçou na terça-feira (5) iniciar uma "guerra civil" se o questionado primeiro-ministro do país, Ariel Henry, continuar no poder no pequeno país caribenho, que enfrenta uma explosão de violência.
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"Se Ariel Henry não renunciar, se a comunidade internacional continuar apoiando seu governo, seguimos no caminho de uma guerra civil que levará ao genocídio", declarou Jimmy Cherizier, conhecido como "Barbecue", durante uma entrevista à imprensa.
Desde quinta-feira da semana passada, os grupos armados que controlam amplas áreas do Haiti, incluindo a capital Porto Príncipe, executaram ataques contra diversos lugares estratégicos para, segundo elas, derrubar Henry.
O político, no poder desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse em julho de 2021, deveria ter deixado o cargo no início de fevereiro, mas resiste a convocar eleições.
"Devemos nos unir. Ou o Haiti vira um paraíso para todos ou um inferno para todos", acrescentou o ex-policial de 46 anos, que lidera uma coalizão de gangues conhecida como G9 e que é alvo de sanções da ONU.
"Não se trata de um pequeno grupo de ricos que vivem em grandes hotéis e decidem o destino dos moradores dos bairros populares", completou.
Henry em Porto Rico
Henry desembarcou na terça-feira em Porto Rico, informaram as autoridades. O polêmico chefe de Governo haitiano estava em paradeiro desconhecido há vários dias.
O governante chegou durante a tarde ao Estado livre associado dos Estados Unidos, informou à AFP Sheila Angleró, porta-voz do governador porto-riquenho, que detalhou que não sabia se Henry permanecia na ilha.
Henry não retornou ao Haiti desde que viajou para o Quênia na semana passada, onde firmou um acordo para o envio de policiais a seu país, no contexto de uma missão internacional apoiada por Washington e ONU.
Segundo o canal de notícias dominicano CDN, o primeiro-ministro tentou viajar hoje à República Dominicana em um voo procedente de Nova Jersey, mas as autoridades do país que compartilha a Ilha de São Domingos com o Haiti lhe negaram permissão para aterrissar.
Foi por esse motivo que ele voou a Porto Rico, segundo pôde confirmar o canal dominicano.
Ataque de gangues
As gangues haitianas atacaram nesta terça uma academia de polícia na capital, Porto Príncipe, mas foram repelidas pelas forças de segurança após a chegada de reforços, informou Lionel Lazarre, dirigente do sindicato policial Synapoha.
Este último episódio de violência ocorre após a evacuação de milhares de residentes da cidade, enquanto Washington e as Nações Unidas reiteram suas preocupações com a crise no pequeno país insular.
Porto Príncipe havia retomado algumas atividades cotidianas nesta terça, como transporte e comércio, um dia depois que as gangues libertaram milhares de presos de duas penitenciárias, deixando uma dúzia de mortos, e tentaram tomar o aeroporto internacional.
A polícia e o Exército repeliram o ataque contra o terminal aéreo internacional Toussaint Louverture por parte das organizações armadas. Mas os distúrbios em torno das instalações levaram as companhias aéreas internacionais a cancelarem todos os voos para a capital haitiana.
As autoridades da República Dominicana fecharam hoje o espaço aéreo com o Haiti.
Em meio às medidas de fechamento do espaço aéreo, cerca de 250 cubanos que viajaram ao Haiti para fazer compras estão presos em Porto Príncipe, indicou à AFP a companhia Sunrise Airways.
Quinze mil deslocados
A nova escalada da violência levou cerca de 15 mil pessoas a abandonarem suas casas em Porto Príncipe, declarou hoje o porta-voz das Nações Unidas, Stéphane Dujarric, acrescentando que trabalhadores humanitários começaram a distribuir alimentos e outros itens essenciais em três novos centros para refugiados.
No domingo, o governo do Haiti decretou o estado de emergência em Porto Príncipe "por um período renovável de 72 horas" e um toque de recolher entre 18h e 5h locais na segunda, terça e quarta-feira.
Considerado o país mais pobre do continente americano, o Haiti enfrenta uma grave crise política, humanitária e de segurança desde o assassinato de Moïse.
Segundo a ONU, 8.400 pessoas foram vítimas da violência das quadrilhas no ano passado, incluindo mortos, feridos e sequestrados, "um aumento de 122% em relação a 2022".
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