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Narcolancha atropela barco de Guarda Civil, mata dois agentes e gera 'caçada' de 15 horas na Espanha; vídeos

Seis suspeitos de relação com o tráfico de drogas foram detidos, incluindo Kiko 'El Cabra'

Agência O Globo - 15/02/2024
Narcolancha atropela barco de Guarda Civil, mata dois agentes e gera 'caçada' de 15 horas na Espanha; vídeos

Seis narcolanchas se refugiavam de uma tempestade perto do porto de Barbate, em Cádiz, na Espanha, quando foram cercadas por embarcações da Guarda Civil do país. Cinco barcos com traficantes conseguiram escapar do cerco. O sexto deles, de 14 metros de comprimento e sob o comando de um suspeito identificado como Francisco Javier M. P., o Kiko "El Cabra", avançou sobre um barco da patrulha, matando dois agentes e deixando outros dois feridos.

Seis integrantes do grupo acabaram presos, ao fim de uma "caçada" de 15 horas desencadeada pelo atropelamento e pela fuga. Vídeos divulgados pelas forças de segurança da Espanha mostram o momento em que a narcolancha de El Cabra ganha velocidade e segue em direção a um ponto luminoso até atingi-lo e passar por ele, ao som de estampidos abafados, que sugerem a ocorrência de um tiroteio.

O ponto luminoso era um dos barcos da patrulha, onde estavam os agentes Miguel Ángel Gómez e David Pérez, mortos instantaneamente na batida, segundo o El País. Outros quatro agentes conseguiram se salvar.

Segundo o El País, a morte dos agentes aparece num vídeo de celular, gravado a bordo de um dos seis barcos de traficantes que se refugiavam da tempestade no porto, na última sexta-feira.

O caso desencadeou uma operação terrestre, aérea e por meios tecnológicos de mais de 15 horas que terminou às 11 horas da manhã do dia seguinte, com a localização do barco do traficante El Cabra, encalhado na praia de La Hacienda. Três horas e meia depois, El Cabra, o suposto piloto, foi preso, acompanhado por Mustafá C. e José I. A. B. enquanto fugiam a pé pelas montanhas perto da praia.

Os três se juntaram na madrugada a outros três detidos: Jairo J. P. G., José Antonio G. C. e David G. N., pegos junto a dois ocupantes de um veículo que iria buscar os traficantes nas proximidades de Sotogrande.

A dinâmica dos fatos até agora conhecidos sobre o acontecimento em Barbate está repleto de incógnitas e arestas que os investigadores terão de resolver nos próximos meses.

Foi o prefeito de Barbate, Miguel Molina, quem solicitou a intervenção da Guarda Civil, conforme confirmou ao EL PAÍS no último sábado. Ele telefonou para o Comando em horário indeterminado na tarde de sexta-feira, cansado de ficar meses sem ver um barco-patrulha no porto.

O Comando prometeu enviar alguém. As condições do mar e a falta de embarcações operacionais fizeram com que o capitão do Serviço Marítimo de Cádiz – agora afastado por motivos psicológicos – mandasse um grupo de seis agentes para o local, com um barco de 6 metros de comprimento.

A equipe viajou do porto de Algeciras com o barco até chegar à foz do porto, onde estavam estacionados os seis barcos do narcotráfico. Fontes apontaram que dois deles seriam de “mecânicos”, que ficaram surpresos com a notícia de que a Guarda Civil iria aparecer.

Agentes e fontes judiciais concordam em destacar, com nuances, que o aumento da curva de violência no tráfico de drogas, embora nunca tenha desaparecido, atingiu novos patamares desde o desaparecimento da OCON Sur, unidade de elite fundada pela Guarda Civil para lutar contra o crime organizado no sul de Espanha.