Internacional
Israel bombardeia Rafah e deixa ao menos 20 mortos, diz Hamas
O Exército israelense confirmou num comunicado mais cedo que 'conduziu uma série de ataques contra alvos terroristas no sul' do território palestino
Uma série de bombardeios aéreos israelenses na noite de domingo para segunda-feira na movimentada cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, deixou ao menos 22 mortos e dezenas de feridos, segundo a agência Reuters, citando um balanço do Ministério da Saúde do Hamas no território. Mais cedo, o Exército de Israel afirmou em comunicado que conduziram uma "série de ataques" no sul do enclave e que agora "concluíram" a ação, sem fornecer mais detalhes.
Leia mais: bombardeios de Israel matam mais de 30 em Rafah, em meio a temor de tragédia na cidade
Assista: Israel diz ter encontrado túnel do Hamas abaixo da sede da agência da ONU para refugiados palestinos
Jornalistas e testemunhas da AFP ouviram uma série intensa de bombardeios e viram fumaça sobre a cidade, que abriga mais da metade da população total de Gaza, deslocada pelo conflito.
Os ataques ocorrem em meio aos temores de uma incursão israelense em Rafah, que faz fronteira com o Egito, depois de o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ter prometido "passagem segura" para os civis deslocados para lá, apesar do alerta internacional sobre a possibilidade de um massacre na cidade que abriga metade dos 2,3 milhões de habitantes.
— A vitória está ao nosso alcance — disse Netanyahu, uma frase que ele usou várias vezes na semana passada, acrescentando que "faremos isso enquanto damos passagem segura à população civil, para que possam partir", segundo trechos de uma entrevista concedida ao canal americano ABC.
Mas não está claro para onde poderiam ir tantas pessoas aglomeradas na fronteira com o Egito em tendas improvisadas. A este respeito, Netanyahu limitou-se a dizer que "estamos trabalhando num plano detalhado". Rafah é a única cidade de Gaza onde as forças israelenses não entraram, apesar de a bombardearem diariamente.
— Eles disseram que Rafah era segura, mas não é. Todos os lugares são atacados — disse o palestino Mohamed Saydam após um ataque israelense que destruiu um veículo da polícia no sábado em Rafah.
Netanyahu, que afirmou que a "vitória" sobre o Hamas só pode ser alcançada com a entrada de tropas em Rafah, ordenou na sexta-feira às suas forças que se preparassem para a operação. O anúncio gerou um coro de preocupação por parte de líderes mundiais e grupos de ajuda humanitária.
"O povo de Gaza não pode desaparecer no ar", escreveu a ministra dos Negócios Estrangeiros alemã, Annalena Baerbock, na rede social X (antigo Twitter).
O Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita alertou no sábado para "repercussões muito graves de um ataque em Rafah e convocou uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU". O chefe da diplomacia britânica, David Cameron, declarou-se “profundamente preocupado” com a ofensiva e expressou que “a prioridade deve ser uma pausa imediata nos combates e o envio de ajuda e a retirada dos reféns”.
Mais da metade dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza estão agora abrigados na cidade, muitos deles depois que o Exército israelense alertou sucessivas vezes para que os moradores do norte fugissem para o sul para evitar a guerra. Muitos estão exaustos, famintos e sem opções depois de meses de uma guerra que já custou a vida de mais de 27 mil pessoas no enclave, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, governada pelo Hamas desde 2007.
Um importante líder do Hamas, em entrevista ao canal de televisão al-Aqsa, citada pela agência catari al-Jazeera, afirmou que qualquer ofensiva terrestre na cidade "explodirá" as negociações de um potencial acordo de cessar-fogo.
Resposta dura dos EUA
O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando terroristas do Hamas mataram mais de 1.160 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250 no sul de Israel, segundo um relatório da AFP baseado em dados oficiais israelenses.
Leia mais: EUA sobem tom sobre ação 'exagerada' de Israel e questionam se vitória contra o Hamas é possível por via militar
Em resposta, Israel prometeu “aniquilar” o Hamas e lançou uma campanha incessante de bombardeios e operações terrestres contra Gaza, onde 28.064 pessoas foram mortas até agora, principalmente mulheres, adolescentes e crianças, segundo o Ministério da Saúde do Hamas. Netanyahu anunciou o plano de invasão terrestre em Rafah logo após uma visita a Israel do secretário de Estado americano, Antony Blinken.
O líder israelense rejeitou a proposta de trégua depois de descrever as exigências do Hamas como "bizarras". Mas os Estados Unidos, principal aliado e apoio militar de Israel, alertaram que os planos para invadir Rafah poderiam causar um "desastre".
Neste domingo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse a Netanyahu que uma operação militar na cidade de Rafah não deve acontecer a menos que haja um plano "garanta a segurança" da população, informou a Casa Branca. Na quinta-feira, os EUA já haviam chamado a campanha militar israelense de "excessiva".
As autoridades do Hamas em Gaza alertaram no sábado que uma invasão israelense em Rafah poderia causar “dezenas de milhares” de mortes. O Gabinete do presidente palestino, Mahmoud Abbas, alertou que a ação “ameaça a segurança e a paz na região e no mundo”.
Os militares israelenses anunciaram que mataram "dois importantes agentes do Hamas" no sábado em um ataque a Rafah.
Mais lidas
-
1ECONOMIA
Brasil deve aproveitar presidência do BRICS para avançar na desdolarização, apontam especialistas
-
2CÚPULA
Entrada de 9 países no BRICS como parceiros mostra que o grupo 'oferece um paradigma mais inclusivo'
-
3FEMINICÍDIO
Preso policial suspeito de matar feirante em hotel de Palmeira dos Índios
-
4OPORTUNIDADE
Uncisal inscreve até hoje (7 de janeiro) para cursos de graduação e pós-graduação a distância pela UAB
-
5MUSEU DE NOVIDADES
Novas nomeações reforçam influência da gestão passada em Palmeira dos Índios