Internacional

Morre Robert Badinter, responsável pela abolição da pena de morte na França

Macron anunciou 'homenagem nacional' ao ex-ministro da Justiça

Agência O Globo - 09/02/2024
Morre Robert Badinter, responsável pela abolição da pena de morte na França

O ex-ministro da Justiça Robert Badinter, arquiteto da abolição da pena de morte na França em 1981, morreu nesta sexta-feira aos 95 anos.

— A pena de morte está destinada a desaparecer no mundo porque é uma vergonha para a humanidade —, afirmou em 9 de outubro de 2021, no 40º aniversário de sua abolição na França.

— A nação perdeu um grande homem, um advogado e ministro da Justiça extraordinário, e para mim, um sábio além de suas funções que sempre trouxe luz às decisões mais delicadas —, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, que anunciou uma "homenagem nacional".

Esta figura do governo do presidente socialista François Mitterrand (1981-1995) e brilhante advogado dedicou grande parte de sua vida à luta contra a pena de morte na França e no mundo.

Nascido em Paris em 30 de março de 1928 em uma família judia emigrada da Besarabia (atual Moldávia), para Badinter, com a execução, "o crime muda de lado".

Em 1983, também conseguiu a extradição da Bolívia do nazista Klaus Barbie, que foi condenado à prisão perpétua em 1987 por crimes contra a humanidade como chefe da Gestapo em Lyon, no leste da França.

A sede de justiça desse homem elegante de sobrancelhas espessas veio de uma adolescência marcada pela Segunda Guerra Mundial.

Barbie ordenou a prisão do pai de Badinter em Lyon há exatos 81 anos, que depois morreu no campo de concentração de Sobibor, na Polônia. O ex-ministro testemunhou a prisão.

Após a guerra, ele se dedicou aos estudos de Letras e Direito, parte dos quais cursou na Universidade Americana de Columbia, antes de exercer como advogado na França.

Mas foi em 1972 que ele passou "da convicção intelectual à paixão militante" contra a pena de morte, ao não conseguir salvar da guilhotina Roger Bontems, cúmplice de uma tomada de reféns.

Ao todo, conseguiu afastar seis homens da pena de morte, o que lhe valeu o apelido de "advogado dos assassinos" para alguns.

Após um primeiro casamento com a atriz Anne Vernon, casou-se novamente em 1966 com a filósofa Elisabeth Badinter, com quem teve três filhos.