O cortejo fúnebre do ex-presidente chileno Sebastián Piñera, morto nesta terça-feira em um acidente de helicóptero, teve início nesta quarta-feira na cidade de Valdivia, no sul do Chile. Ao todo, o país se prepara para três dias de funeral. Ainda ontem, o corpo do político seguiu para a capital em avião da Força Aérea.

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No voo estavam os quatro filhos dele, alguns de seus netos e a viúva, Cecilia Morel, casada com Piñera desde 1973. A família se mostrou abalada diante das pessoas que aguardavam em Santiago. Lá, o caixão foi recebido pelo presidente Gabriel Boric, e o cortejo seguiu para a sede do Congresso Nacional, local do velório do ex-presidente.

Em entrevista coletiva, o ministro das Relações Exteriores, Alberto van Klaveren, afirmou que as cerimônias fúnebres prosseguirão até esta sexta-feira, quando o caixão será levado até a Catedral Metropolitana para a celebração de uma missa com a presença “dos líderes ou presidentes estrangeiros que desejam participar do funeral”.

Entre os líderes que já confirmaram presença na cerimônia desta sexta estão os ex-presidentes do Equador, Guillermo Lasso, e do Paraguai, Mario Abdo, segundo a chancelaria. Depois disso, o corpo será sepultado em uma cerimônia reservada.

Acidente de helicóptero

Sebástian Piñera morreu aos 74 anos após o helicóptero que pilotava ter caído no Lago Ranco. A causa da morte foi apontada como “asfixia por submersão”. Na aeronave estavam, além do ex-presidente, outras três pessoas, incluindo a irmã dele, Magdalena. Todos saíram ilesos. Piñera orientou os passageiros a saltar do helicóptero antes dele.

Segundo o jornal El Mundo, ao perceber que havia um problema com o voo, ele “procurou se aproximar da superfície do lago para que seus companheiros pudessem pular na água com segurança”. À imprensa local, Magdalena afirmou que o irmão disse: “Se eu pular com vocês, o helicóptero cairá sobre todos nós”.

O empresário era um dos homens mais ricos do Chile. Foi o primeiro líder de direita a chegar ao poder por eleição popular após a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990), acabando com duas décadas de hegemonia de governos de esquerda. Ele, que governou por dois mandatos (2010-2014 e 2018-2022), foi elogiado por apoiadores e adversários políticos por sua capacidade de diálogo.

Entre os marcos de suas gestões destacam-se a agilidade na reconstrução do país após o terremoto de 2010 e a rápida compra de vacinas da China em 2020, o que tornou o seu país um dos primeiros a imunizar a maioria da população contra a Covid-19.

Preocupado com os incêndios

O ex-presidente havia viajado nesta semana para sua casa em Lago Ranco, local rodeado de florestas próximo a um imenso lago, situado 920 km ao sul de Santiago. Lá, organizou reuniões com seus ex-ministros para ajudar na reconstrução de Valparaíso, região devastada por incêndios que deixaram 131 mortos.

Era “um homem que não descansava”, afirmou a ex-ministra Karla Rubilar ao contar que Piñera os havia convocado na última segunda-feira para uma conversa por Zoom. Segundo ela, ele estava “preocupado em como poderia ajudar o governo do presidente Boric na grande tragédia que estamos vivendo” em Viña del Mar e outras regiões do sul do país.