Ao pisar pela primeira vez na Marquês de Sapucaí, Giovana Cordeiro realizará seu sonho de desfilar no Templo do Samba pela Porto da Pedra. Apesar de nunca ter entrado na Avenida numa escola de samba, a carioca sempre carregou o carnaval na veia. Tanto que já tem cadeira cativa nos camarotes do Sambódromo e arrastou a família inteira pra lá, inclusive sua avó.

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— Quando criança, ouvia histórias da minha família no carnaval. Meu avô dava um jeito de entrar na Sapucaí e desfilar com as escolas, empurrava carros... Lembro da minha primeira sensação ao ver o desfile de perto pela primeira vez. Mas o que ficou pra sempre na minha memória foi quando minha avó, com 70 e tantos anos, me pediu para assistir aos desfiles ao vivo no Sambódromo. Me questionei como eu a levaria para o camarote. Ela não só foi como se divertiu muito, ficou o tempo inteiro grudada na grade. Não cansou. Ficamos até o final, e saí às 6h da manhã com ela. É um momento que ficou marcado pra sempre em mim — relembra a atriz, contando que dona Norma, hoje com 84 anos, está doida pra repetir a dose.

E, quando não está num camarote na Sapucaí, Giovana marca presença nos blocos de rua. A única coisa que ela não faz nesse período do ano é ficar em casa:

— Por mais que eu fale que vou ficar quieta, isso nunca acontece. Sempre participo do carnaval. A gente ficou um tempão só em casa, por causa da pandemia (da Covid-19). Então eu saio mesmo e curto tudo.

Giovana Cordeiro conta sobre preparação para desfilar pela primeira vez

A intérprete da Luna de "Fuzuê" vem se desdobrando para conciliar as gravações da novela com os ensaios da Porto da Pedra. Estreante na Avenida, a atriz de 27 anos é musa da escola gonçalense, a primeira agremiação do Grupo Especial a passar pelo Sambódromo, no próximo domingo.

Para fazer bonito, Giovana se empenhou nas aulas de samba e focou nos exercícios de fortalecimento em partes do corpo específicas que serão mais exigidas durante o desfile.

— Eu danço muito nas reuniões em família e com os amigos, além dos eventos de pagode que eu gosto de frequentar. Quando entrei nas aulas de samba, descobri algumas necessidades específicas, como a torção de quadril. Então venho fazendo exercícios voltados para determinadas partes do corpo. Usarei um costeiro, então já sei que vou movimentar meus ombros e trapézio. Para isso, intensifiquei meu treino de ombro, fiz movimentações para ganhar mais mobilidade nessa região — detalha a artista.

Em relação à fantasia, a morena prefere fazer mistério, mas adianta que será um figurino leve.

— Meu look não é muito pesado, mas é claro que, em mais de uma hora de desfile, juntando a tensão e o nervosismo do momento, a fantasia vai ganhando mais peso naturalmente — destaca.

Assim que recebeu o convite para desfilar pela Porto da Pedra, Giovana mergulhou no enredo da escola e ficou muito interessada pelo tema, já que gosta de astrologia. "Lunário perpétuo: a profética do saber popular" traz os ensinamentos do livro que fala sobre agricultura, astros e os posicionamentos da lua.

— Ouço o samba-enredo todos os dias e eu vou voltando em algumas partes da letra. Já sei de cor e estou descolada no significado do texto. Foi muito legal, porque eu fui identificando coisas que eu admiro da astrologia, sou bem ligada a isso. Ouço o samba também prestando atenção em todos os instrumentos que estão tocando. Ouço tanto que chega a ser insuportável, e tem que ser com fone de ouvido porque ninguém aguenta (risos). Eu adoro, acho muito divertido. Deixo tocando aqui em casa e vou dançando... — conta a atriz carioca, que já pensa nos seus rituais de proteção entes de entrar no Sambódromo:

— Na verdade, eu tenho os meus rituais antes de todas as situações importantes da minha vida. Mas eu também gosto de mantê-los em segredo.

Giovana conta que se inspira em grandes nomes do samba para a sua estreia na Marquês de Sapucaí. Mas uma de suas maiores referências estava muito mais perto do que ela imaginava:

— Estou ao lado de uma inspiração no trabalho, que é a Walkíria Ribeiro (a atriz que interpreta Rejane na novela das sete da Globo já foi madrinha de bateria da Paraíso do Tuiuti em 2007). Ela participa do carnaval há muitos anos e está comigo em “Fuzuê”. Já perguntei algumas coisinhas e ela troca comigo várias informações sobre esse clima da Avenida. Walkíria, sem dúvida, tem sido uma grande inspiração pra mim nesse momento.