Política
Voto de Marta por impeachment de Dilma é 'constrangimento' e ex-prefeita deverá ser cobrada, admitem deputados do PT e PSOL
Em evento que oficializou seu retorno ao PT, ex-ministra evitou mea-culpa sobre sua saída tumultuada da legenda
No evento que oficializou seu retorno ao PT, nesta sexta-feira, a ex-prefeita Marta Suplicy optou por não fazer nenhuma autocrítica sobre a sua saída tumultuada da legenda, que envolveu acusações de corrupção, ou notável voto a favor do impeachment de Dilma Rousseff. No entanto, deputados do PT e PSOL reconheceram que o histórico de Marta gera "constrangimento" e que ela deverá ser cobrada a prestar esclarecimentos.
Questionado se a volta de Marta causa desconforto ao PT, pelo fato de ela ter votado pelo impeachment, o deputado Ivan Valente ( PSOL-SP) disse que o "constrangimento" e a "contradição" são da ex-prefeita.
— Se ela vem pra agregar, ela precisa realmente fazer um balanço da trajetória dela — disse o deputado federal, acrescentando que, neste momento, o "inimigo principal" é o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Arlindo Chinaglia, deputado federal do PT por São Paulo, foi na mesma linha:
—É evidente que a votação dela (pelo impeachment ), as palavras dela na época, não agradam. Mas isso ela tem que estar preparada para explicar, não é o PT, não é a nossa federação — afirmou o parlamentar petista, citando a carta de desfiliação de Marta, de 2015, em que ela se diz “constrangida” pelos escândalos de corrupção que atingiram a sigla.
Chinaglia lembrou que articulou pela volta de Marta ao PT foi o próprio presidente Lula, numa perspectiva de trabalhar pela vitória do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
— Eu acho que é bom ela ser cobrada, entre nós é bom, até para ela refletir. É um gesto de generosidade que ela não só precisa reconhecer como corresponder. Eu acho que vai acontecer — completou o deputado.
Durante o ato de filiação de Marta, Lula admitiu que enfrentou resistências quando sugeriu o nome da recém-filiada para a vice de Boulos numa reunião com dirigentes do partido. Na ocasião, contou o presidente, ele enfatizou que o PT só teria condições de ganhar a eleição em São Paulo com a ex-prefeita na chapa.
Apesar das resistências internas, a cerimônia que assinalou o retorno de Marta ao partido, após nove anos de afastamento, foi permeada por gestos afetuosos em direção à ex-prefeita. Até mesmo Fernando Haddad, quem Marta chamou de pior prefeito da história, fez um discurso elogioso.
Enquanto Marta não falou sobre o que motivou sua saída do PT no ato, Lula, mencionou genericamente que o partido “cometeu erros” e nem todos são obrigados a suportar.
Neste sábado, o dirigente nacional do PT Valter Pomar defendeu a impugnação da filiação de Marta. Num texto divulgado em seu blog pessoal, ele lembrou a saída conturbada da ex-prefeita do partido, seu voto a favor do impeachment de Dilma Rousseff e a participação na gestão Ricardo Nunes, onde Marta era secretária de Relações Internacionais até o mês passado.
"Venho por meio desta impugnar a filiação de Marta Suplicy. Faço isso com base nos prazos e termos previstos pelo estatuto do PT. Sugiro que a impugnação seja debatida e votada diretamente no Diretório Nacional do PT", escreveu o dirigente.
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