Internacional
Biden acusa Irã de fornecer armas a grupo que matou soldados dos EUA e diz que já decidiu como retaliar
Antes de partir para evento de campanha, presidente americano afirmou 'não desejar' uma guerra mais ampla no Oriente Médio
O presidente dos EUA, Joe Biden, acusou nesta terça-feira o Irã de fornecer as armas usadas em um ataque que deixou três militares americanos mortos na fronteira entre a Jordânia e a Síria, no domingo, e disse já decidiu como será a resposta à ação, sem revelar mais detalhes. Contudo, Biden afirmou que não deseja uma guerra mais ampla no Oriente Médio, um cenário considerado provável, diante de tantos pontos de atrito ligados à guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas em Gaza.
Falando a repórteres antes de embarcar para um evento de campanha na Flórida, Biden respondeu com um "sim", seco e sem detalhes, a uma pergunta sobre qual seria a resposta ao ataque na Jordânia. No domingo, a Casa Branca afirmou, em comunicado, que essa resposta ocorreria "no momento e da forma que escolhermos", mas sugerindo que seria mais dura do que bombardeios recentes contra grupos pró-Irã ligados a ataques às tropas americanas.
O presidente americano também acusou diretamente o Irã de fornecer as armas usadas no ataque — segundo o Pentágono, as tropas foram atingidas por um drone.
— Eu os responsabilizo [Irã] pela forma em que estão fornecendo as armas para as pessoas que fizeram isso [o ataque de domingo] — declarou Biden, acrescentando que não deseja ver uma expansão da guerra em Gaza, especialmente um conflito direto contra o Irã. — Não acho que precisamos de uma guerra mais ampla no Oriente Médio. Não é o que estou procurando.
No domingo, o ataque com um drone deixou três militares americanos mortos em uma base na Jordânia, próxima da fronteira com a Síria. Trinta pessoas ficaram feridas, e uma coalizão de milícias apoiadas pelo Irã, a Resistência Islâmica do Iraque, foi acusada de ser a responsável pela ação, a primeira a deixar militares dos EUA mortos desde outubro, quando começou a guerra em Gaza.
O Irã negou qualquer participação no ataque, e afirmou que, apesar de apoiar algumas dessas milícias, não tem controle sobre suas agendas políticas e militares. Desde outubro do ano passado, o número de ataques contra tropas americanas no Iraque, Síria e Jordânia disparou, em ações quase sempre associadas às milícias pró-Irã. No Mar Vermelho, os houthis, que controlam parte do Iêmen e que recebem apoio de Teerã, também realizam sua própria ofensiva, voltada a embarcações ligadas a Israel, EUA e Reino Unido que transitam pela área. Em resposta, Washington realizou uma série de bombardeios contre áreas do grupo, o que não impediu novos ataques nos últimos dias.
Diante deste cenário, Biden se encontra diante de escolhas difíceis. Em Washington, cresce a pressão, mesmo dentro do Partido Democrata, para que ele dê uma resposta dura aos iranianos, incluindo com ataques dentro do território iraniano e contra figuras de destaque do aparato estatal — não foram poucos os políticos que lembraram do assassinato do comandante da Força Quds, Qassem Soleimani, em 2020, por ordem do então presidente Donald Trump. O incidente por pouco não deu início a um conflito direto entre os dois países.
Mas o presidente também pensa nas eleições de novembro. Sua popularidade entre sua base eleitoral vem despencando por conta do apoio quase irrestrito a Israel na guerra contra o Hamas, e a mera sugestão de que poderia haver uma incursão terrestre no Iêmen causou arrepios em setores progressistas do Partido Democrata. Uma guerra contra o Irã, que apesar das sanções tem uma considerável força militar, jogaria toda a região em terreno desconhecido, e provavelmente custaria muitas vidas de militares americanos no processo.
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