Internacional

EUA retomam sanções contra a Venezuela após inabilitação de María Corina e põem em xeque reinserção externa do país

Governo Biden anunciou reativação imediata de sanções contra estatal mineradora de ouro e deu dois meses para novos embargos contra setor de petróleo e gás após rompimento de acordo para participação de opositores em eleição presidencial

Agência O Globo - 30/01/2024
EUA retomam sanções contra a Venezuela após inabilitação de María Corina e põem em xeque reinserção externa do país
EUA retomam sanções contra a Venezuela após inabilitação de María Corina e põem em xeque reinserção externa do país - Foto: Reprodução

A inabilitação da candidata María Corina Machado, principal opositora do chavismo nas eleições presidenciais da Venezuela, marcadas para este ano, ameaçam a reabertura econômica comemorada por Caracas nos últimos meses. Os Estados Unidos revogaram uma licença para exploração de ouro, na segunda-feira, e anunciaram a retomada, em um prazo de dois meses, das sanções ao setor de petróleo e gás do país, após uma decisão do Tribunal Supremo de Justiça do país cassar a candidatura dos dois.

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Líderes chavistas e da oposição alcançaram um acordo, em reunião realizada em Barbados, para a participação de candidatos opositores nas eleições presidenciais. Meses após a determinação, contudo, os governistas deram uma interpretação própria aos termos assinados, habilitando quatro candidatos de menor projeção, e impedindo Corina, que venceu as primárias opositoras, e Caprilles, adversário de Maduro em 2013, de concorrerem.

Pouco menos de uma semana após a proibição, os EUA anunciaram a reativação das sanções contra a estatal mineradora de ouro na Venezuela, a Minerven, nesta segunda-feira. Em nota, o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Departamento do Tesouro americano estabeleceu o dia 13 de fevereiro como data limite para “liquidar quaisquer transações pendentes” com a empresa, algo que contraria uma licença concedida em outubro do ano passado — que era válida dentro do acordo em que Caracas se comprometia a libertar presos políticos e garantir condições para eleições livres.

A Casa Branca, inicialmente, afirmou que daria um prazo de dois meses para que o governo Maduro permitisse que os candidatos da oposição participassem das eleições. O prazo venceria em abril e coincide com o fim de um pacote de decretos assinados em novembro, nos quais foram concedidas licenças para empresas americanas explorarem petróleo no país — outra oportunidade vista por Caracas para romper com o isolamento internacional.

Entretanto, nesta terça-feira, o Departamento de Estado americano, em um comunicado, afirmou que o país tomou a decisão de retomar as sanções ao setor de petróleo e gás da Venezuela, depois que o Tribunal Supremo manteve a inabilitação política da deputada de María Corina.

— Eles têm decisões a tomar: permitir que os partidos e candidatos da oposição participem adequadamente e libertar os presos políticos. Têm até abril — disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, em conferência de imprensa na segunda-feira.

A corda está esticada ao máximo no campo político. Machado mantém, por enquanto, a candidatura. O chavismo aspira virar a página e avançar, embora o seu diálogo direto com Washington corra o risco de ruir. Jorge Rodríguez, presidente do Parlamento e chefe da delegação que negocia com a oposição e os Estados Unidos, reiterou que a desqualificação é irrevogável.

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A Venezuela suspendeu o direito de concorrer a Machado, a quem acusa de fazer parte de um complô de corrupção gerado na gestão de Juan Guaidó, pelo qual já foi inabilitada em 2021, no mesmo processo que a Controladoria abriu em 2014 por supostas irregularidades na declaração juramentada de bens de quando era deputada. Por outro lado, inabilitações de rivais são uma arma antiga do chavismo contra os seus opositores.

No breve alívio que conquistou com o acordo assinado em Barbados, Caracas havia conseguido restabelecer contratos da estatal de petróleo PDVSA no exterior, além de conseguir a troca do empresário Alex Saab, detido em Miami acusado de suposta lavagem de dinheiro, por americanos detidos na Venezuela e um grupo de presos políticos.

No campo opositor, María Corina prometeu seguir na disputa, afirmando que Maduro não iria "escolher o candidato" que vai disputar com ele a presidência, classificando a decisão do tribunal que a inabilitou como "grotesca".

— Recebi o mandato de quase 3 milhões de venezuelanos, que exerceram a soberania popular em 22 de outubro — disse, referindo-se às primárias de 22 de outubro, as quais venceu com 92% dos votos. — Eu represento essa maior soberania popular. Não podem fazer eleições sem mim. (El País e AFP)