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Peru avalia fechamento temporário de Machu Picchu após quatro dias de protestos

No fim de semana, mais de 1.200 turistas que ficaram presos nos protestos foram evacuados de trem, alguns dos quais não conseguiram entrar no complexo pré-hispânico

Agência O Globo - 30/01/2024
Peru avalia fechamento temporário de Machu Picchu após quatro dias de protestos
Peru avalia fechamento temporário de Machu Picchu após quatro dias de protestos - Foto: Reprodução

O Peru anunciou nesta segunda-feira que avalia suspender temporariamente as visitas a Machu Picchu, depois de quatro dias de protestos de moradores locais contra a “privatização” da venda de bilhetes para acessar o local, um considerado Patrimônio Mundial. Segundo a ministra da Cultura, Leslie Urteaga, os líderes da mobilização propuseram o encerramento por razões de segurança, dada a falta de diálogo para levantar a medida que inclui o encerramento de empresas, marchas e bloqueios na ferrovia.

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“Vamos avaliar os pedidos que este grupo faz, que entre eles é o fechamento da llapta (cidade local). Isso seria doloroso para todos, mas vamos avaliar”, disse Urteaga ao canal estatal.

No fim de semana, mais de 1.200 turistas locais e estrangeiros que ficaram presos nos protestos foram evacuados de trem, alguns dos quais não conseguiram entrar no complexo pré-hispânico. A polícia organizou e guardou a saída, após os bloqueios nas estradas.

O serviço de trem, principal meio de transporte no local, está suspenso desde sexta-feira. O ministro da Cultura acrescentou que o governo só falará se for levantada a “greve” que deixa prejuízos diários de um milhão de soles (cerca de R$ 1,31 milhão). O protesto foi organizado por grupos do bairro Machu Picchu Pueblo, no departamento de Cusco, em repúdio à decisão do Ministério da Cultura de contratar um intermediário privado para gerir a venda online dos rendimentos.

“Corrupção” e “máfia” nas entradas

O governo alegou inicialmente problemas com a sua plataforma, mas nesta segunda-feira reportou um foco de corrupção na gestão dos bilhetes que disponibilizava para venda na montra.

“Todos os esforços estão sendo feitos para romper com uma máfia que errou ilegalmente na questão das passagens e não vamos recuar diante da necessidade de mudar esse modelo de corrupção”, disse o chefe da Casa Civil, Alberto Otálora.

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O Ministério da Cultura contratou a empresa peruana Joinnus para vender online ingressos para Machu Picchu e para a rede de trilhas Inca. No entanto, comerciantes e operadores turísticos opõem-se ao novo sistema, que começou a funcionar há nove dias, considerando ser o primeiro passo para a privatização do local.

Cancelamento de reservas

O ministro da Economia, Alex Contreras, destacou que as manifestações geram uma imagem negativa do país e fazem com que muitos turistas cancelem as reservas para visitar a cidadela.

“Espero que hoje possamos chegar a um acordo com os cidadãos de Machu Picchu. Impedir a chegada dos turistas prejudica a todos”, declarou Contreras.

A cidadela recebe em média cerca de 4.500 visitantes por dia. Sob o novo esquema operacional, o governo reservou cerca de 1.000 ingressos diários para venda direta no Centro Cultural Machu Picchu Pueblo. Há um ano, as autoridades fecharam a entrada do complexo turístico durante 25 dias após protestos contra o impeachment do ex-presidente preso Pedro Castillo, após sua tentativa fracassada de dissolver o Congresso.

Patrimônio Cultural da Humanidade desde 1983, Machu Picchu, localizada a 130 km da cidade de Cusco e a 2.438 metros de altitude, foi construída no século XV por ordem do imperador inca Pachacutec (1438-1470).