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França proíbe temporariamente a pesca no Atlântico para proteger os golfinhos; entenda

A medida responde aos apelos de ativistas ambientais para proteger os mamíferos marinhos, após observar um aumento nas mortes de golfinhos na costa atlântica

Agência O Globo - 19/01/2024
França proíbe temporariamente a pesca no Atlântico para proteger os golfinhos; entenda

A França vai proibir temporariamente a pesca comercial no Golfo da Biscaia, uma medida sem precedentes desde a Segunda Guerra Mundial, que visa proteger os golfinhos, mas que gera descontentamento na indústria.

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A proibição anunciada esta quinta-feira será válida por um mês a partir de segunda-feira e deverá ser cumprida tanto pelos pescadores franceses como estrangeiros.

A medida responde aos apelos de ativistas ambientais para proteger os mamíferos marinhos, após observar um aumento nas mortes de golfinhos na costa atlântica.

De Finistere, no extremo oeste da região da Bretanha, até à fronteira espanhola, a pesca cessará quase completamente até 20 de fevereiro.

Na quinta-feira, o governo francês alargou a proibição a todos os barcos, independentemente da sua origem, e prometeu apoiar os pescadores e peixarias. A restrição emanou inicialmente do mais alto tribunal administrativo francês, o Conselho de Estado.

O CIEM, uma organização científica que monitoriza a situação dos ecossistemas do Atlântico Norte, exige há anos pausas de inverno para algumas práticas de pesca indiscriminadas, encontrando firme oposição da indústria pesqueira.

Segundo essa organização, cerca de 9.000 golfinhos morrem todos os anos no Atlântico, ao largo da costa francesa, quando ficam acidentalmente presos em redes.

A proibição afeta barcos com mais de 8 metros de comprimento e afetará cerca de 450 navios franceses.

“É um absurdo parar negócios como este por um mês”, disse à AFP Raymond Millet, pescador de La Rochelle, uma cidade no oeste da França.

Segundo Millet, que pesca há quarenta anos, embarcações entre 9 e 11 metros “não são o tipo de barco que pesca golfinhos”.

Franck Lalande, proprietário de dois barcos na cidade de Arcachon, no sudoeste, disse temer que a proibição levasse a “motins” porque, na sua opinião, a compensação financeira fornecida pelas autoridades era insuficiente.

Por sua vez, a Comissão Nacional de Pesca (CNPMEM) criticou as exigências das “ONGs extremistas” e garantiu que os mamíferos marinhos “não estão em perigo”.

As empresas de transformação de pescado estimam que poderão perder mais de 60 milhões de euros (cerca de 65 milhões de dólares) com a medida.

Na quinta-feira, o governo prometeu apoiar a indústria e implementar “medidas parciais de desemprego e ajuda direcionada, se necessário”.