Internacional
Senado dos EUA rejeita resolução que forçaria investigação sobre violação de direitos humanos por Israel em Gaza
Iniciativa, no entanto, evidencia crescente desconforto que progressistas vêm sentindo em relação à guerra

O Senado dos Estados Unidos rejeitou na noite desta terça-feira — por 72 votos a 12 — uma resolução apresentada pelo senador Bernie Sanders, independente de Vermont, que pedia a investigação de violações dos direitos humanos na guerra entre Israel e grupo terrorista palestino Hamas como condição para manter a ajuda militar ao Estado judeu. Mesmo com a derrota acachapante, com oposição tanto de republicanos como de democratas, a resolução é, contudo, um indicativo de como a questão do apoio irrestrito dos EUA a Israel vem incomodando uma parte dos políticos progressistas americanos.
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A iniciativa foi apenas uma das várias propostas progressistas no Senado apresentadas recentemente que refletem o desconforto com a conduta de Israel na guerra em Gaza e levantam questões sobre se e em quais circunstâncias os EUA deveriam enviar mais recursos para apoiar seu mais importante aliado no Oriente Médio. A ofensiva israelense ultrapassa os cem dias e já deixou mais de 24 mil mortes no território palestino, boa parte delas de mulheres e menores, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo grupo fundamentalista islâmico.
A votação, se passasse, exigiria que o Departamento de Estado dos EUA produzisse, em 30 dias, um relatório sobre se o esforço de guerra israelense está violando os direitos humanos e acordos internacionais. Em caso afirmativo, a ajuda militar a Israel, assegurada pelos EUA sem muitos questionamentos, poderia ser rapidamente congelada.
Consenso em desgaste
Quando o Hamas desencadeou seu ataque sangrento contra Israel em 7 de outubro, houve um clamor bipartidário rápido e forte de apoio no Congresso americano para que o país não poupasse despesas ao apoiar uma resposta militar robusta do Estado Judeu. Mais de 100 dias depois, contudo, esse consenso mostra sinais de desgaste.
— Há uma crescente preocupação entre o povo americano e no Congresso de que o que Israel está fazendo agora não é uma guerra contra o Hamas, mas uma guerra contra o povo palestino — disse Sanders em uma entrevista recente. — O fato de que, com a ajuda militar americana, crianças estão morrendo de fome, e para mim... eu simplesmente não sei que adjetivos posso usar. É vergonhoso. E acho que não sou o único que pensa assim.
Em outubro, o presidente Joe Biden solicitou um amplo pacote emergencial de segurança nacional, incluindo cerca de US$ 14 bilhões para apoiar Israel no conflito, mas o debate sobre a medida tem se concentrado principalmente na quantia muito maior destinada à Ucrânia, em guerra com a Rússia desde fevereiro de 2022. Muitos republicanos são contra enviar mais dinheiro para Kiev, e outros defendem que isso deve vir acompanhado de uma repressão à imigração na fronteira dos EUA com o México, o que tem sido objeto de negociações minuciosas.
Porém, a ajuda a Israel está encontrando seus próprios obstáculos, à medida que a campanha militar em Gaza se arrasta pelo seu terceiro mês. O crescente número de mortes, juntamente com os obstáculos que Israel impôs para levar ajuda a civis presos sob bombardeio, inspirou protestos nas ruas de cidades dos EUA e acusações de genocídio na Corte Internacional de Justiça.
Reflexo nas eleições
O cenário também se reflete na eleição presidencial americana, que ocorre em novembro — que, a que tudo indica, será mais uma vez disputada por Biden e seu antecessor, o ex-presidente republicano Donald Trump. Segundo uma pesquisa do New York Times em parceria com o Siena College publicada em dezembro, os eleitores americanos desaprovam amplamente a maneira como Biden está lidando com a guerra na Faixa de Gaza, Entre os jovens, a insatisfação chega a três quartos dos entrevistados.
A pesquisa mostrou que mais americanos votaram a favor de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas (44%) do que a favor da continuação da guerra (39%). Também perguntou aos eleitores sobre sua posição em relação à forma como o governo Biden lida com o conflito israelense-palestino. Em torno de 57% dos entrevistados demonstraram insatisfação com a abordagem de Biden, e 33% a apoiaram.
Além disso, o apoio ao democrata também entra em jogo em estados como o Michigan, onde eleitores muçulmanos e árabes-americanos votaram decisivamente a favor de Biden há três anos — foram cerca de 155 mil votos. Segundo o New York Times, em 2020, havia aproximadamente 200 mil eleitores muçulmanos registrados em Michigan, tornando a comunidade um bloco eleitoral significativo num estado de batalha de 8,2 milhões de eleitores registrados. (Com New York Times.)
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