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Estados Unidos lançam novo ataque contra rebeldes Houthi no Iêmen

Agência O Globo - 13/01/2024
Estados Unidos lançam novo ataque contra rebeldes Houthi no Iêmen
EUA - Foto: Assessoria

Os Estados Unidos lançaram um novo ataque no sábado contra os rebeldes Houthi do Iêmen, disse o Comando Central de suas forças armadas, um dia depois de lançar vários ataques contra o grupo acusado de ameaçar o tráfego marítimo no Mar Vermelho. A mídia Houthi havia notado anteriormente que o ataque atingiu a base aérea de Al Dailami na capital, Sana'a, controlada desde 2014 pelo grupo rebelde apoiado pelo Irã.

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“As forças dos EUA realizaram um ataque contra um radar Houthi no Iêmen” por volta das 03h45, horário local deste sábado (21h45 de sexta em Brasília), de acordo com um comunicado do Comando Central.

Estes bombardeios contra o Iêmen aumentaram os receios de uma conflagração regional da guerra entre Israel e o movimento islâmico Hamas na Faixa de Gaza. Os Estados Unidos, o Reino Unido e oito aliados garantiram que a operação de sexta-feira teve como objetivo “diminuir a escalada das tensões” e “restaurar a estabilidade no Mar Vermelho” após os numerosos ataques dos Houthis naquelas águas.

Os Houthis prometeram continuar as suas ações nesta importante rota comercial marítima e alertaram que “todos os interesses americanos e britânicos tornaram-se alvos legítimos”. Estes rebeldes controlam parte do Iêmen desde o início de uma guerra civil em 2014 e fazem parte do autoproclamado “eixo de resistência”, que inclui o Hamas, o Hezbollah libanês e outros grupos armados hostis a Israel e apoiados pelo Irã.

A atividade destes movimentos no Iêmen, no Líbano, na Síria e no Iraque aumentou desde a eclosão da guerra em Gaza no início de outubro de 2023. O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou a todas as partes para "não agravarem" a situação volátil na região, disse o seu porta-voz.

O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se numa reunião de emergência na sexta-feira para abordar os bombardeamentos dos países ocidentais, dias depois de adotar uma resolução exigindo que os Houthis parem de atacar navios no Mar Vermelho.

O embaixador russo na ONU, Vasili Nebenzia, denunciou uma “flagrante agressão armada” dos Estados Unidos contra toda a população deste país no extremo sudoeste da Península Arábica.

Ataques no Mar Vermelho

O grupo rebelde ataca há semanas navios alegadamente ligados a Israel que atravessam o Mar Vermelho, por onde transita 12% do comércio mundial, em “solidariedade” com os palestinianos em Gaza. O ataque dos Estados Unidos e dos seus aliados nesta sexta-feira atingiu quase 30 locais e utilizou mais de 150 projéteis, informou o general norte-americano Douglas Sims.

De acordo com a rede de televisão Houthi Al Marisah, eles atacaram uma base aérea, aeroportos e um acampamento militar. Um porta-voz militar Houthi disse que pelo menos cinco pessoas foram mortas.

O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou não acreditar que a ação tenha causado vítimas civis e avisou que “não hesitará” em ordenar novas ações militares, se necessário. Segundo o presidente americano, a operação foi uma “ação defensiva” bem-sucedida após os ataques “sem precedentes” no Mar Vermelho.

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, disse que a violação do direito internacional pelos Houthis merecia um “sinal forte” em resposta. Mas Naser Kanani, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, estimou que os ataques ocidentais irão alimentar “a insegurança e a instabilidade na região” e “desviar” a atenção de Gaza.

Custo econômico

Desde 19 de novembro, os Houthis lançaram 27 ataques perto do Estreito de Bab al-Mandeb, que separa a Península Arábica da África, segundo os militares dos EUA. Esta instabilidade tem levado inúmeras companhias marítimas a desviar os navios que transitam entre a Ásia e a Europa para contornar o continente africano, o que aumenta o tempo e o custo do transporte.

Desde meados de Novembro, o número de navios porta-contentores que atravessam o Mar Vermelho afundou 70%, segundo especialistas em navegação.

Em Sanaa, centenas de milhares de pessoas, algumas brandindo rifles Kalashnikov, reuniram-se em um protesto onde agitaram bandeiras do Iêmen e da Palestina e ergueram retratos do líder Houthi, Abdulmalik al-Huthi, viu um jornalista da AFP.

“Morte aos Estados Unidos, morte a Israel”, gritavam.

Em Teerã, centenas de pessoas manifestaram-se contra os Estados Unidos, o Reino Unido e Israel, queimando bandeiras dos três países, e manifestaram o seu apoio a Gaza e ao Iêmen.