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Biden alerta que 'não hesitará' em agir contra houthis após ataques dos EUA e Reino Unido contra o Iêmen

Ofensiva envolveu caças e mísseis Tomahawk e foi uma resposta aos ataques dos rebeldes iemenitas a embarcações no Mar Vermelho

Agência O Globo - 12/01/2024
Biden alerta que 'não hesitará' em agir contra houthis após ataques dos EUA e Reino Unido contra o Iêmen
joe biden - Foto: Reprodução

Após os Estados Unidos e o Reino Unido lançarem, nesta quinta-feira, o primeiro ataque contra os rebeldes houthis no Iêmen, o presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que "não hesitará" caso mais ações sejam necessárias contra o grupo. A ação foi uma resposta às agressões da facção iemenita contra embarcações no Mar Vermelho, uma importante rota marítima por onde passam 12% do comércio global. Segundo a imprensa americana, a ofensiva envolveu caças e mísseis Tomahawk.

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Segundo Biden, a operação desta quinta-feira contou com o apoio de Austrália, Bahrein, Canadá e Holanda. Em uma declaração conjunta, que inclui também os governos da Dinamarca, Alemanha, Nova Zelândia e Coreia do Sul, a aliança afirmou que o objetivo "continua sendo desanuviar as tensões e restaurar a estabilidade no Mar Vermelho".

"Mas que a nossa mensagem seja clara: não hesitaremos em defender vidas e proteger o livre fluxo de comércio numa das vias navegáveis mais críticas do mundo face a ameaças contínuas", acrescentou o documento.

De acordo com informações da rede americana CNN, os ataques atingiram mais de uma dúzia de alvos Houthi, incluindo sistemas de radar e locais de armazenamento e lançamento de drones, mísseis balísticos e mísseis de cruzeiro — como os que vinham sendo usados pelo grupo no Mar Vermelho.

Este é o primeiro ataque direto dos EUA contra os rebeldes houthis dentro do território iemenita desde o início do conflito entre Israel e Hamas, em 7 de outubro. O grupo, uma organização militar xiita, integra o "eixo de resistência" financiado pelo Irã no Oriente Médio. Apesar de não representarem o governo, eles têm avançado seu controle sob mais áreas do país em meio à guerra civil contra uma coalizão apoiada pela Arábia Saudita, rival histórico da República Islâmica, mas que retomou as relações diplomáticas com Teerã no ano passado por intermédio da China.

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Em comunicado divulgado após os ataques, a Arábia Saudita disse que acompanha com "grande preocupação" as ações na região e pediu contenção das partes:

"O Reino da Arábia Saudita acompanha com grande preocupação as operações militares que decorrem na região do Mar Vermelho e os ataques aéreos contra uma série de locais na República do Iêmen", diz o comunicado, apelando à "autocontenção e evitando uma escalada".

Desde o início da guerra em Gaza, os houthis já lançaram diversos ataques contra embarcações no Mar Vermelho e contra alvos israelenses em apoio ao Hamas. Com isso, diversas empresas de navegação passaram a evitar a rota e dar a volta pelo continente africano, aumentando os custos de frete e seguro marítimo.

A ofensiva desta quinta-feira promovida pela coalizão Ocidental, formada nas últimas semanas para garantir a livre circulação de navios comerciais no Mar Vermelho, ocorre num momento de forte tensão no Oriente Médio.

O líder dos Houthi, Abdul Malek al-Houthi, disse em discurso nesta quinta-feira que qualquer ataque americano ao Iêmen "não ficará sem resposta", ameaçando uma reação ainda maior do que a que está sendo promovida no Mar Vermelho.

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Desde 2002, os EUA já lançaram cerca de 400 ataques aéreos no Iêmen, segundo o Conselho de Relações Exteriores do país. No entanto, o governo americano tem buscado evitar um conflito direto desde a crise em Gaza, temendo uma escalada regional. Na semana passada, o porta-voz do Conselho de Segurança dos EUA, John Kirby, disse que o país "não está a procura de um conflito com os houthis".

Em 3 de janeiro, os EUA e outros países aliados divulgaram uma declaração conjunta alertando os rebeldes que eles "arcarão com a responsabilidade das consequências caso continuem a ameaçar vidas, a economia global e o livre fluxo de comércio nas vias navegáveis críticas da região". Horas depois, os houthis lançaram um ataque com drones não tripulados contra rotas marítimas comerciais.