Alagoas

14 minas de sal-gema estão sem acompanhamento de avanço vertical, algumas há 5 anos, diz portal

Braskem falta com verdade em nota sobre monitoramento de cavernas, revela jornalista

Cinara Corrêa com agências 08/01/2024
14 minas de sal-gema estão sem acompanhamento de avanço vertical, algumas há 5 anos, diz portal

Na semana passada, o jornalismo do portal Na Rede revelou, em primeira, mão o documento da Defesa Civil de Maceió que expressa preocupação com a situação de 2 cavernas subterrâneas derivadas de 3 minas de extração de sal-gema que estão colapsando. O documento da Defesa Civil pede providências da mineradora para monitorar com mais detalhes a cavidade das minas 20 e 21 - que estão unidas - e da cavidade da mina 29. O pedido ocorreu por conta do dolinamento da Mina 18 e da proximidade física dessas cavernas com a mina que chegou a superfície em dezembro.

Em nova reportagem, o jornalista Thiago Correia expõe os problemas em torno da erosão causada pela exploração da sal-gema pela Braskem e atualiza os dados referentes às minas que ainda se encontram colapsando no local.

“O problema da deficiência no monitoramento das cavernas não está resumido às minas que estão no relatório da Defesa Civil. Num levantamento inédito feito pelo nosso jornalismo, contabilizamos que outras 11 minas estão na mesma situação, totalizando 14 minas que avançam sem absolutamente nenhum acompanhamento de possíveis desabamentos de teto e movimentação vertical rumo a superfície. As cavernas das minas 09, 12, 15, 16, 20, 21, 22, 23, 25, 27, 28, 29, 33 e 34 estão sendo acompanhadas somente por equipamentos que monitoram o afundamento do solo na superfície, possíveis tremores de terra na região e manômetros que monitoram a pressão do poço perfurado para acesso da cavidade e não a pressão interna da cratera. E como bem frisou a Defesa Civil no documento, não é possível saber onde essas minas hoje estão localizadas com precisão e quantos metros estão avançando rumo à superfície. Algumas dessas minas já ultrapassaram o teto da camada de sal, outras, segundo o último levantamento, ainda estavam dentro da camada de sal, mas desabando. O único método para se ter informações sobre as minas não está disponível em tempo real. Os avanços dessas minas rumo à superfície, o volume interno, o tamanho, cumprimento e largura das cavernas só podem ser obtidos com a realização de campanhas de sonares, que ocorrem dentro de uma periodicidade - que é definida pela própria Braskem - e só podem ser realizadas em uma mina por vez. Além disso, os sonares demoram semanas e até meses para serem realizados, o que torna o trabalho lento e que o resultado final de análise da cavidade pode ser modificado numa velocidade muito maior se comparado ao que pode ser atualizado.

A situação fica ainda mais grave porque alguns desses dados não são atualizados há 5 anos. O último levantamento que trouxe informações precisas de algumas minas foi realizado somente em 2019, outros em 2021 e 2022.

Todas as informações constam em ofícios, memorandos, relatórios e outros documentos oficiais relacionados ao acompanhamento da situação das Minas e vinham sendo mantidos em sigilo. Mas nossa reportagem teve acesso a todo o conteúdo, e confirmou a veracidade da documentação. Mesmo com as informações obtidas em relatórios da Agência Nacional de Mineração e da própria Braskem, ao ser questionada sobre o caso, em nota, talvez para minimizar o problema, a mineradora faltou com a verdade, mas traremos o contexto de tudo ao fim da reportagem.

Minas se deslocando no "escuro"


As minas 09 e 12 possuem uma ligação física entre si. As Minas 22 e 23 também. Elas não chegam a formar uma única caverna como a das minas 20 e 21, mas essas ligações dificultam um levantamento preciso para dar a real situação dessas cavidades. As outras minas a 15, 16, 25, 27, 28, 29, 33 e 34, já possuem pelo menos 1 exame de sonar realizado após os eventos de 2018. Sua estrutura e formato já são de conhecimento das autoridades, mas algumas dessas informações demoram muito para serem atualizadas.

Segundo o plano de monitoramento dessas minas, existem apenas duas formas de realizar o acompanhamento da estrutura interna dessas cavernas. O sonar que consegue trazer todas as informações possíveis sobre a geometria dessas cavidades no subsolo é um equipamento chamado piezômetro.

O Piezômetro é um aparelho instalado dentro da cavidade que fornece em tempo real as medições de pressões estáticas e de compressibilidade dos líquidos dentro das cavernas. No caso das minas, elas estão cheias de salmoura (água e sal diluído). Esse equipamento monitora 24 horas a pressão interna da mina e caso haja algum tipo de problema que altere essa pressão (como um deslocamento grande e abrupto de solo) é possível saber em tempo real. O problema é que medição via piezômetro só comunica se a pressão se elevou ou se reduziu. O equipamento não é capaz de informar o que provocou essa alteração. Quando existem alterações desses números que sejam consideradas preocupantes é preciso se fazer uma investigação e no fim, só se consegue chegar a uma fotografia do problema ao se ter uma nova geometria interna da cavidade, ou seja, após a realização do sonar. Veja abaixo relatório da Braskem com minas que possuem monitoramento com piezômetro:

Única medição que existe de forma contínua dessas minas são realizadas por manômetros na superfície. Mas os equipamentos não monitoram a pressão da cavidade em sí, mas dos poços auxiliares perfurados para acompanhar a evolução dessas crateras.

Após a realização do sonar é possível saber, além da geometria da cavidade, outros dados como temperatura interna, pressão e deslocamento vertical.

As cavernas das minas 09, 12, 15, 16, 20, 21, 22, 23, 25, 27, 28, 29, 33 e 34, não possuem piezômetro instalado e todos os dados que constam nos relatórios de monitoramento dessas cavidades, são oriundos de exames de sonares.

As crateras das minas 09, 12, 23 e 33 não realizam sonares desde de 2019. Todas as informações que se tem conhecimento hoje dessas minas estão desatualizadas há 5 anos. As cavernas da mina 22 e 28 realizaram o último sonar em 2021. Já a caverna da mina 16, realizou o último sonar em 2022.

No ano passado, as demais minas tiveram a realização de exames de sonares. A 27 no mês de Março. A mina 29 em Maio. A 15 e a 34 em Agosto. A mina 25 em outubro. As minas 20 e 21, que formam uma única caverna, tiveram o sonar mais recente, em novembro de 2023.

O único acompanhamento sobre essas cavidades são os dados da superfície dessas minas ou de microtremores. Ou seja, só é possível saber se há algo de errado com a cratera subterrânea se houver um afundamento anormal na superfície, ou um tremor acima dos números que são registrados "normalmente" na região. Se não houver nenhum desses indícios, não é possível saber o que está acontecendo com a cavidade.

Situação de cada mina segundo seus últimos sonares

O jornalismo do Na Rede obteve, com exclusividade, documentos que revelam a situação das minas com base nos últimos levantamentos de sonar. Trata-se do RELATÓRIO CONSOLIDADO MENSAL DE FECHAMENTO DAS FRENTES DE LAVRA REFERENTE AO MÊS DE NOVEMBRO DE 2023 - elaborado pela própria Braskem - e do PARECER TÉCNICO Nº 5/2023/GT-SAL/SFI-ANM/DIRC - da Agência Nacional de Mineração. Nesses levantamentos é possível observar além da geometria de cada mina, uma comparação da distância dessas cavidades com a superfície. Algumas comparam as últimas campanhas de sonares e trazem até os metros que cada uma avançou rumo à superfície.
Mina 09
Geometria e posição da cavidade: O último sonar foi realizado em 13/10/2019, registrando um volume de 345.551 m³. Embora esteja conectada com a frente M#12, apresentou pressurização.
Pressurizada: Sim
Piezômetro: Não instalado
Monitoramento: Sonar e Manômetro na cabeça do poço
Indicativo do monitoramento: Aguardando, ainda, sonar atualizado e reavaliação.

Mina 12
Geometria e posição da cavidade: O último sonar foi realizado em 22/10/2019, registrando um volume de 279.394 m³. Embora conectada com a frente M#09, também apresentou pressurização.
Pressurizada: Sim
Piezômetro: Não instalado
Monitoramento: Sonar
Indicativo do monitoramento: Aguardando, ainda, sonar atualizado e reavaliação.

Mina 16
Geometria e posição da cavidade: O último sonar realizado em 18/01/2022 apontou um volume de 113.615 m³. O topo da cavidade sofreu uma pequena migração ascendente (2m) em 16 meses, acompanhado de uma pequena redução de volume no período. O poço original M#16 foi tamponado e o tamponamento do poço auxiliar 16AD interrompido. A perfuração de um novo poço auxiliar para instalação de piezômetro será necessário (ainda não iniciada).
Pressurizada: Não
Piezômetro: Aguarda perfuração de poço auxiliar para instalação
Monitoramento: Sonar e Piezômetro
Indicativo do monitoramento: Aguarda novos dados de monitoramento


Mina 22
Geometria e posição da cavidade: O último sonar, em 02/12/2021, mostrou um volume de 186.418 m³, e uma elevação do teto de 5m em 9 meses. Essa cavidade está conectada com a M#23. Os poços original M#22 e auxiliar 22AD foram tamponados. O poço 23BD foi executado, acessando a cavidade m#23, para inserção de piezômetro.
Pressurizada: Não. Temporariamente tamponada
Piezômetro: Não Instalado
Monitoramento: Sonar
Indicativo do monitoramento: Aguarda novos dados de monitoramento

Mina 23
Geometria e posição da cavidade: O último sonar ocorreu em 16/11/2019, mostrando um volume de 158.329,4 m³. Dada a conexão com a M#22, as avaliações de volume não são precisas. O poço original M#23 foi tamponado e o poço auxiliar 23BD foi executado para a instalação de piezômetro.
Pressurizada: Não. Temporariamente tamponada
Piezômetro: Não Instalado
Monitoramento: Sonar
Indicativo do monitoramento: Aguarda, ainda, novos dados de monitoramento e reavaliação.

Mina 28
Geometria e posição da cavidade: O último sonar ocorreu em 01/12/2021, mostrando um volume de 327.143 m³. A perfuração do poço auxiliar 28DD para instalação de piezômetro está em andamento.
Pressurizada: Não. Temporariamente tamponada
Piezômetro: Em instalação
Monitoramento: Sonar
Indicativo do monitoramento: Aguarda novos dados de monitoramento

Mina 33
Geometria e posição da cavidade: O último sonar, realizado em 27/09/2019, mostrou um volume de 18.706,6 m³ e um teto inserido a 120m abaixo do topo do sal. O poço original M#33D já foi tamponado. O tamponamento do poço auxiliar 33AD e a perfuração de novo poço auxiliar para instalação de piezômetro não foram iniciados.
Pressurizada: Não. Temporariamente tamponada
Piezômetro: Não instalado
Monitoramento: Sonar
Indicativo do monitoramento: Aguarda novos dados de monitoramento

Mina 27
Situação: O último sonar, realizado em 11/03/2023, apontou um volume de 305.514 m³. Foram perfurados os poços auxiliares 27BD e 27CD para as atividade de preenchimento com areia. Até meados de setembro foram injetados 11.340 m3 de areia, cerca de 3,7% de preenchimento. A atividade de preenchimento sofreu paralisação temporária, por motivos de força maior, causando um atraso em seu cronograma de execução, cuja previsão de preenchimento era da ordem de 40%.
Pressurizada: Não
Monitoramento: Sonar
Indicativo do monitoramento: Aguardando reinício do preenchimento.

Mina 25
Situação: O último sonar, realizado em 10/10/2023 mostrou um volume de 150.118 m3. A operação de preenchimento com areia foi iniciada através dos poços auxiliares 25CD e 5DD. Até meados de setembro/2023 foram injetados 46.040 m³ de areia (24% de preenchimento). A atividade de preenchimento sofreu paralisação temporária, por motivos de força maior, causando um atraso em seu cronograma de execução.
Pressurizada: Não
Monitoramento: Sonar
Indicativo do monitoramento: Aguardando reinício do preenchimento

Mina 15
Geometria e posição da cavidade: O último sonar mostrou um volume de 131.293 m3 em 03/08/2023 (era 136.991 m³ em 15/03/2023). O teto sofreu uma alteração de profundidade muito pequena no intervalo de 5 meses entre os sonares (1,6m), acompanhado de uma pequena redução de volume de cerca de 5% (~ 5.000 m3).
Pressurizada: Não
Piezômetro: Não instalado
Monitoramento: Sonar
Indicativo do monitoramento: Sem indicação de estabilidade. Aguardando definição do tipo de fechamento

Mina 29
Geometria e posição da cavidade: O último sonar realizado em 18/05/2023 mostrou um volume de 185.369 m3 (em 27/03/2023 era de 201.650 m³), revelando uma redução de volume de cerca de 8% em dois meses. O poço auxiliar 29BD já foi tamponado. Está prevista a perfuração de um novo poço auxiliar para melhor visualização desta cavidade e identificação de possíveis zonas ocultas.
Pressurizada: Não
Piezômetro: Não instalado
Monitoramento: Sonar
Indicativo do monitoramento: Sem indicação de estabilidade. Aguardando definição do tipo de fechamento

Mina 34
Geometria e posição da cavidade: Os dados do último sonar, realizado em 31/08/2023 mostrou um volume de 383.673 m3 (em 31/03/2023 era de 385.877 m3), sem elevação de teto, em um período de 5 meses.
Pressurizada: Não
Piezômetro: Não instalado
Monitoramento: Sonar
Indicativo do monitoramento: Sem indicação de estabilidade. Aguardando definição do tipo de fechamento

Minas 20 e 21
Geometria e posição da cavidade: O último sonar, realizado em 20/07/2023 apontou um volume de 346.635 m3 para o conjunto das cavidades M#20 e M#21, que estão conectadas (em 27/01/2023 era de 362.891 m³). A profundidade do topo do conjunto de cavidades é de 860,1 m, revelando uma migração ascendente de 18 m em três meses. O poço original M#20D já foi tamponado. A situação da cavidade deve ser reavaliada devido à sua proximidade com a M#18 que colapsou.
Durante o sonar realizado em 01 de novembro de 2023. O topo da cavidade conjugada M#20D/21D foi encontrado à 728,10 m (TVD) de profundidade, revelando uma posição do teto da cavidade conjugada em 135,90 m (TVD) acima do topo da camada salina, que se encontra a 864m (TVD) de profundidade em referência ao poço original M#20D. Esta cavidade conjugada se encontra completamente fora da camada salina
Pressurizada: Não
Piezômetro: Não instalado
Monitoramento: Sonar
Indicativo do monitoramento: Sem indicação de estabilidade. Aguardando, ainda, definição do tipo de fechamento sonar atualizado cavidade minas 20 e 21
Braskem mentiu sobre monitoramento e passou informações que não correspondem com a verdade
Em nota enviada na noite da última sexta-feira pela assessoria de imprensa da Braskem, a mineradora disse que:
"É inverídica a afirmação de que não há acompanhamento. As cavidades, no seu conjunto, são monitoradas por vários instrumentos e métodos diferentes, em alguns casos de forma redundante. Os principais métodos de monitoramento são os de microssísmica, os realizados com piezômetros, os que utilizam sonares, além do monitoramento de movimentação de superfície pelos DGPs e tiltímetros “on line”."
Encaminhamos a resposta e os relatórios a especialistas e todos constataram que mineradora não diz a verdade sobre a situação do acompanhamento. Os próprios relatórios produzidos pela mineradora, e agora o documento da Defesa Civil, atestam que a afirmação não é verdadeira. A Braskem tenta justificar o acompanhamento das minas, através de métodos que não traduzem a situação interna das cavidades nem realizam em tempo real o acompanhamento do avanço vertical dessas cateras.
Microssísmica - Os acompanhamentos de microssísmica, citados na resposta, registram tremores que podem ser perceptíveis somente na superfície (mesmo que em baixíssimas magnitudes). Mesmo assim, as situações de Alertas só são acionados em casos de deslocamentos que superem 1ML na escala Ritcher, após confirmação manual desse tremor, e após uma sequência de eventos. Ainda assim não é possível determinar qual mina estaria em colapso ou provocando esse tremor, uma vez que os epicentros quase nunca são registrados no local exato onde estão essas minas e a proximidade das cavidades impedem que se dê precisão da cratera que está provocando uma possível situação anormal. No caso da Mina 18, a confirmação não ocorreu por conta dos tremores, mas por conta de um sonar que estava sendo realizado e que traremos com mais detalhes numa próxima reportagem. Mas relatórios da Braskem mostram que após os três grandes tremores que precederam o afundamento da mina, a cratera continuou avançando rumo à superfície com sismos médios que variavam entre 0.30 e 0.50 - condição considerada normal dentro das leituras tradicionais.
DGPs e Tilímetros - Ambos equipamentos medem a taxa de afundamento ou deslocamento de solo na superfície e não o deslocamento vertical de uma cratera. Normalmente o solo na região do Mutange já apresenta uma taxa de afundamento contínua de 2019. No caso da Mina 18, esse afundamento permaneceu estável dias depois dos tremores de terra e só se intensificaram 3 dias antes do alerta de skinhole causando trincas no solo. Esses equipamento, apesar de importantes, não monitoram situação interna nem acompanham as condições de cratera em tempo real
Piezômetros - como informamos ao longo da reportagem, nenhuma das minas citadas na matéria possui piezômetro instalado, portanto é impossível que o equipamento traga informações se ele não existe nas cavidades indicadas.
Sonar - as campanhas de sonares são realizadas periodicamente, e como mostramos na reportagem, algumas delas não realizam o monitoramento há 5 anos.
Todas as informações constam nos relatórios da própria Braskem e da ANM, portanto, a mineradora se baseou em métodos que não realizam monitoramento em tempo real para afirmar de forma inverídica que existe tal monitoramento.
Também perguntamos à Braskem se seria "verdadeiro" afirmar que essas minas sem acompanhamento de piezômetro estão avançando sem nenhum tipo de controle ou informação e reiteramos que algumas dessas minas estavam sem sonares há meses e anos. A resposta da Braskem foi a seguinte:
"Não. Como informado na resposta anterior, vários métodos de monitoramento das cavidades são aplicados. Em relação a exames de sonares, onde recomendável, esses têm periodicidade definida caso a caso, sendo que o usual em padrões internacionais é realização a cada cinco anos. No caso das cavidades em monitoramento pela Braskem utilizando esse método, a periodicidade definida no Plano de Fechamento de Mina foi anual, mas em alguns casos esses exames vêm sendo realizados com maior frequência"
Mais uma vez, a mineradora tentou justificar um fato passando informações desencontradas e somente parciais. Com relação aos padrões internacionais citados pela Braskem, eles existem apenas para minas fechadas e estabilizadas dentro de uma normalidade. Segundo nossa pesquisa, não existem padrões internacionais para cavidades que estão desabando ou apresentam riscos de dolinamento. Na verdade, os padrões internacionais apontam que uma mina subterrânea, após ser fechada, deve ter uma periodicidade de uma realização de 01 sonar por ano nos primeiros 5 anos de fechamento. Depois disso, um avanço gradual para uma campanha a cada dois anos e depois 1 campanha de sonar a cada 5 anos. Esses são os padrões adotados pela ANM no Brasil. E mesmo assim, é um padrão adotado para minas estáveis, não existindo protocolos que determinem métodos de monitoramento para minas não estáveis. Os métodos adotados nas minas em Maceió, foram totalmente sugeridos por empresas contratadas pela própria Braskem, sem nenhum tipo de questionamento por parte de Ministério Público Federal e pela própria Agência Nacional de Mineração.
O fato é que o tempo de ação e reação do sistema de monitoramento, como um todo, até conseguiu dar uma resposta com antecedência ao caso da mina 18. Mas na verdade, se a mina não estivesse sendo alvo de uma campanha de sonar, talvez, até hoje não se soubesse que a cavidade que dolinou foi a de número 18.”, finaliza a reportagem.