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Bill Clinton, Donald Trump e Príncipe Andrew são citados em documentos judiciais relacionados a Jeffrey Epstein

Documentos judiciais revelados por tribunal de Nova York apresentam contexto sobre relação entre magnata acusado de crimes sexuais e políticos proeminentes; advogados não veem indício claro de crime

Agência O Globo - 04/01/2024
Bill Clinton, Donald Trump e Príncipe Andrew são citados em documentos judiciais relacionados a Jeffrey Epstein
Donald Trump - Foto: reprodução- agência Brasil

Centenas de páginas de documentos judiciais anteriormente sob segredo de justiça relacionados a Jeffrey Epstein, o magnata acusado por crimes sexuais nos EUA, foram tornadas públicas na quarta-feira, trazendo uma lista de nomes poderosos citados em depoimentos de vítimas envolvidas no processo. Os documentos, apresentados no Tribunal Distrital dos EUA em Nova Iorque, oferecem um pouco mais sobre o contexto da relação de Epstein com os ex-presidentes americanos Bill Clinton e Donald Trump e com o príncipe britânico Andrew — embora advogados apontem que nenhuma nova evidência surge como prova decisiva para implicar qualquer um deles nos crimes atribuídos a Epstein.

Os 45 documentos judiciais tornados públicos na quarta-feira faziam parte de um processo movido contra Epstein por uma de suas vítimas. Os documentos foram previamente lacrados ou redigidos para ocultar os nomes de mais de 100 vítimas, associados ou amigos de Epstein, todos com a designação “J. Doe” e um número de identificação exclusivo.

Mas a juíza que supervisiona o caso, Loretta A. Preska, que no mês passado ordenou que os materiais fossem abertos, observou que a maioria dos nomes já havia sido divulgada publicamente em outros processos ou em reportagens.

A maioria dos documentos tornados públicos na quarta-feira não inclui episódios específicos de irregularidades cometidas por outros homens além de Epstein, que foi encontrado morto aos 66 anos em uma cela de prisão em Manhattan, em agosto de 2019, enquanto aguardava julgamento por acusações de tráfico sexual. Sua morte foi considerada suicídio.

Entre os documentos abertos na quarta-feira estava um depoimento de maio de 2016 de Johanna Sjoberg, uma das supostas vítimas de Epstein, que disse ter estado perto de Epstein entre 2001 e 2006.

“Ele disse uma vez que Clinton gosta delas jovens, referindo-se às meninas”, testemunhou Sjoberg. Ela também disse que enquanto voavam com Epstein em um de seus aviões, eles fizeram uma parada não planejada em Atlantic City, Nova Jersey.

“Jeffrey disse: ‘Ótimo, vamos ligar para Trump’”, testemunhou Sjoberg, acrescentando que Epstein sugeriu que visitassem o cassino de Trump.

Quanto a Andrew, Sjoberg testemunhou que quando ela foi apresentada a ele pela primeira vez, ele “colocou a mão no meu peito”.

Ao todo, Preska ordenou a abertura de mais de 200 documentos, o restante dos quais deverá ser divulgado nos próximos dias.

Os laços com Epstein já levaram a quedas na carreira do ex-CEO do Barclays, Jes Staley, e do cofundador da Apollo Global Management, Leon Black, e mancharam a reputação de bilionários como Bill Gates, Leslie Wexner e muitos outros homens proeminentes. Todos negaram ter conhecimento ou participação em conduta inadequada com Epstein. (Com NYT e Bloomberg)