Internacional

Israelense é condenado a 30 dias de prisão por não prestar serviço militar: 'Me recuso a participar de uma guerra de vingança'

Tal Mitnick, de 18 anos, é a primeira pessoa a ser presa por 'objeção de consciência' desde o início do conflito; ele citou a guerra e a ocupação em Gaza como justificativa

Agência O Globo - 28/12/2023
Israelense é condenado a 30 dias de prisão por não prestar serviço militar: 'Me recuso a participar de uma guerra de vingança'
israel - Foto: Reprodução

Um israelense de 18 anos foi julgado e condenado a 30 dias de prisão militar por se recusar a se alistar nas Forças Armadas de Israel, informou o Jerusalem Post nesta quinta-feira. Ele citou a guerra contra o grupo armado palestino Hamas e a ocupação em Gaza como justificativa para a sua recusa, tornando-se a primeira pessoa a ser presa por “objeção de consciência” no país desde o início do conflito, em 7 de outubro.

Tal Mitnick compareceu ao centro de alistamento acompanhado de outros jovens ativistas da Rede Mesarvot, um grupo de objetores de consciência do país. Ao chegar ao local ele recebeu uma sentença excepcionalmente longa para quem se recusa a prestar o serviço militar pela primeira vez: 30 dias de prisão militar após o julgamento.

Um objetor de consciência é uma pessoa que se recusa a portar armas ou a servir nas forças armadas por uma questão de consciência, ou seja, por motivos morais, éticos ou religiosos.

"Eu me recuso a acreditar que mais violência trará segurança, eu me recuso a participar de uma guerra de vingança. Cresci em um lar onde a vida é sagrada, onde a discussão é valorizada e onde o discurso e a compreensão sempre vêm antes da adoção de medidas violentas. No mundo cheio de interesses corruptos em que vivemos, a violência e a guerra são outra forma de aumentar o apoio ao governo e silenciar as críticas", diz uma declaração divulgada por representantes do adolescente.

"Devemos reconhecer o fato de que, após semanas de operação terrestre em Gaza, no fim das contas, negociações, um acordo, trouxeram de volta os reféns. Na verdade, foi a ação militar que causou a morte deles. Por causa da mentira criminosa de que ‘não há civis inocentes em Gaza’, até mesmo os reféns que agitavam uma bandeira branca e gritavam em hebraico foram mortos a tiros. Não quero nem imaginar quantos casos semelhantes houve que não foram investigados porque as vítimas nasceram no lado errado da cerca”, acrescentou.

Mitnick também escreveu que a falta de capacidade de negociação com o Hamas era "simplesmente falsa" e insistiu na necessidade de diplomacia e esforço político.

Mais de 200 estudantes do ensino médio em idade de alistamento obrigatório anunciaram em agosto que recusariam a convocação não apenas por causa da reforma judicial proposta pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, mas também devido à "ocupação" dos territórios palestinos.