Esportes
Chega ao fim primeiro round do duelo travado há meses na tradicional família Gracie: Kenya derrota Kyra
Atual presidente da Federação de Jiu-Jítsu do Rio será reeleita hoje por aclamação, depois que a sobrinha foi impedida de concorrer

Encerra-se hoje, depois de seis meses, o primeiro round de um duelo na família Gracie, uma das mais tradicionais do esporte brasileiro, praticamente sinônimo de jiu-jítsu no mundo inteiro. De um lado, a faixa-azul Kenya Gracie, 39 anos, atual presidente da federação que regula a modalidade no Rio (FJJRJ), que buscava se reeleger. Do outro, a desafiante faixa-preta Kyra Gracie, 38 anos, mais famosa e vitoriosa atleta mulher do clã, sobrinha de Kenya, que brigava para competir com a tia pelo cargo, durante muito anos ocupado por Robson Gracie - pai da primeira, avô da segunda -, morto no fim de abril. Depois de uma batalha travada longe dos tatames, nos tribunais de Justiça, Kyra acabou impedida de concorrer à presidência da entidade, esta semana. Kenya, como única candidata, será reeleita nesta sexta-feira por aclamação.
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Tudo começou em meados de junho, pouco depois de Kyra anunciar sua candidatura. Em seu Instagram, a lutadora acusou a federação de ocultar informações sobre o processo eleitoral — como lista de eleitores, data do pleito e demais concorrentes. Ainda alegou que havia sido bloqueada pela entidade nas redes sociais, cobrou mais transparência da administração e acionou seus advogados para entrarem em cena. A postagem gerou reação de uma prima, filha de seu candidato a vice na época, Renzo Gracie - que posteriormente acabou deixando a chapa: Cora afirmou que Kyra só estaria na disputa por ganância e que o avô delas, Robson, não a queria como presidente, e sim Kenya.
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A prima de Kyra foi uma voz dissonante na gigantesca família Gracie: embora o duelo tenha obviamente dividido o clã entre as duas, a maioria preferiu não tomar partido publicamente. Nem mesmo Kenya havia se pronunciado sobre as acusações da sobrinha. Até agora.
— Ela pediu para ser candidata à federação no pior momento, que foi o da perda do meu pai. E estava longe de iniciar o pleito. Eu não consegui responder. Para mim foi uma coisa fora de hora — disse ela em entrevista ao GLOBO.
A FJJRJ foi criada na década de 1960 e sempre foi comandada por Robson Gracie. O lutador teve três casamentos e 12 filhos. A mãe de Kyra nasceu do primeiro; do terceiro, as irmãs Kenya e Hanna, que passaram a trabalhar com ele na Federação e a assumiram, na prática, com o avançar de sua idade. Robson morreu em 29 de abril e, pouco mais de um mês depois de sua morte, Kyra usou as redes sociais para fazer uma série de denúncias sobre a gestão de Kenya. Entre elas, a de que o estatuto teria sido alterado de forma irregular, assim como teria ocorrido a assembleia que a elegeu presidente. Segundo Kenya, o comportamento da sobrinha incomodou a família.
— Os Gracie são um clã enorme. Meu avô teve 21 filhos, o Hélio (tio de Robson), nove; e meu pai, 12. Da família, 99% vivem do jiu-jítsu ou algo relacionado a ele. Eles não estão gostando porque é uma exposição desnecessária — contou.
O caso parou na Justiça e chegou à 2ª instância. Lá, Kyra conseguiu ter acesso apenas à lista de filiados aptos a votar, mas não aos balancetes, porque não apresentou provas de que é filiada à federação. Ela e um associado que também pretendia se lançar candidato e é seu aliado, Raimundo Santiago, entraram com pedidos iguais solicitando a suspensão da eleição e que um interventor fosse nomeado para convocar novo pleito. Ambos foram negados.
A comissão eleitoral recebeu os três pedidos de candidatura, mas só Kenya conseguiu entregar todos os documentos exigidos. As chapas de Kyra e Santiago foram indeferidas porque neles não comprovaram que são filiados à federação e que participaram - como atletas ou parte da organização - de três torneios no último ano. Kyra, desta vez, preferiu se calar e passou a palavra a seu advogado, Michel Assef Filho, que se manifestou por nota.
“Considerando que as eleições à presidência da federação estão sendo realizadas com regras estabelecidas no estatuto recentemente alterado pela atual gestão, em que foi reduzido drasticamente o colégio eleitoral - ou seja, quem pode votar e ser votado - no nosso entendimento, de maneira absolutamente ilegal, já que estabelece que apenas pessoas que participaram de três competições nos últimos 12 meses poderiam votar e ser votadas - seja como atleta ou organizador - direcionando a votação para um pequeno grupo de votantes e eleitores, a Kyra Gracie vai retirar a sua candidatura dessas eleições, por enquanto. E estaremos analisando os próximos movimentos em busca da legalidade na administração da federação”, diz o comunicado.
Ou seja, o primeiro round chegou ao fim, mas o duelo na família Gracie ainda está longe de terminar.
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