Internacional
Conflito entre Guiana e Venezuela deve ser resolvido pelos países da região e fora da OEA, afirma Amorim
Sem citar nominalmente os EUA, assessor especial de Lula disse que o caso na OEA seria tratado por apenas 'uma superpotência'
O assessor para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, defende que o conflito entre a Guiana e a Venezuela, que disputam a região de Essequibo, deve ser discutida no âmbito da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Para Amorim, o caso não deve ser levado para a Organização dos Estados Americanos (OEA), que tem entre seus integrantes os Estados Unidos.
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Veja pontos do acordo: Venezuela e Guiana concordam em não usar força na disputa pelo Essequibo
— A presença de uma superpotência gera manifestações mais emotivas — afirmou, ao GLOBO, o ex-chanceler do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos dois primeiros mandatos.
Celso Amorim participou, na semana passada, em São Vicente e Granadinas, de uma reunião entre os presidentes de Guiana, Irfaan Ali, e Venezuela, Nicolás Maduro. Ambos concordaram em evitar a escalada do conflito pela região de Essequibo, que está na Guiana e é cobiçada por Maduro.
Na avaliação de Amorim, um dos principais pontos do acordo foi a retirada do pedido de Ali para que o caso fosse discutido no âmbito da OEA. Ele ressaltou que, mesmo suspensa do organismo, a Venezuela não iria concordar e a tensão aumentaria.
— Bem ou mal, haveria uma superpotência na OEA e isso colocaria a questão entre Guiana e Venezuela em um quadro de rivalidades geopolíticas que não queremos que ocorra. Um conflito entre latino-americanos é melhor que seja resolvido dentro de um contexto latino-americano — disse.
O conflito entre os dois países por causa de Essequibo começou há mais de cem anos. Porém, Nicolás Maduro reforçou o discurso e realizou um plebiscito, no início do mês. Conforme o presidente da Venezuela, 95% da população concordaram em fornecer cidadania venezuelana ao povo da Guiana. Além disso, Maduro assinou documentos para criar um estado venezuelano na região, rica em petróleo, e nomear uma autoridade.
Estados Unidos e União Europeia defenderam a soberania da Guiana. O Brasil enviou tropas para fortalecer a fronteira com os dois países. E a Venezuela buscou o apoio de outros atores, como a Rússia.
Amorim citou como exemplo a crise diplomática entre Colômbia, Equador e Venezuela, em 2008. Disse que o caso foi resolvido pelo Grupo do Rio, substituído depois pela Celac.
Na época, o Exército colombiano anunciou que matou o número 2 das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Raúl Reyes, na fronteira com o Equador. Aliado do presidente equatoriano, Rafael Corrêa, o então presidente venezuelano, Hugo Chávez, ordenou a saída de todos os funcionários da embaixada em Bogotá.
Na reunião de São Vicente e Granadinas, os líderes da Venezuela e da Guiana marcaram uma nova reunião, para daqui a três meses, no Brasil. Entre outros pontos do acordo, eles decidiram “não ameaçar ou usar a força uns contra os outros em quaisquer circunstâncias, incluindo aquelas decorrentes de quaisquer controvérsias entre os dois Estados”.
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