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Influenciador cego que já tateou Ivete Sangalo quer driblar o preconceito: 'Convido famosos a fazerem suas próprias descrições'

No Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, Fernando Campos levanta a bandeira da luta anticapacitista e sonha em conhecer Angélica

Agência O Globo - EXTRA 13/12/2023
Influenciador cego que já tateou Ivete Sangalo quer driblar o preconceito: 'Convido famosos a fazerem suas próprias descrições'
Ivete Sangalo - Foto: Divulgação

"Muito deliciosa. Peitinho bem na medida, o bumbum chegando lá...". Ivete Sangalo fez com bom humor sua autodescrição (quando a pessoa cita suas características físicas, algo essencial para o público cego), graças ao influenciador digital Fernando Campos, de 30 anos. Eles são amigos há 20. E hoje, no Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, Fernando usa sua luta anticapacitista como bandeira a favor do respeito.

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Ele é cego desde os 2 anos, depois de ter câncer nos olhos (um retinoblastoma, mesma doença que acomete Lua, a filha de Tiago Leifert e Daiana Garbin).

— É uma luta que eu encabeço, convidando as pessoas a fazerem suas próprias descrições. Nós, deficientes visuais, conseguimos ter ideia real de como aquela pessoa é, como é a cor do olhos e dos cabelos — enfatiza ele, que hoje usa uma prótese ocular.

O jornalista conta que nunca deixou de fazer algo por conta da deficiência. Já surfou, saltou de parapente e, mais recentemente, subiu ao palco no show de Claudia Leitte para pular e festejar a vida. Interagindo com vários famosos em vídeos que posta em suas redes sociais, Fernando também toca em partes do corpo dos artistas, como fez com Rafa Kalimann e Reynaldo Gianecchini, para ter noção de como a pessoa é. Tudo com muito respeito, como faz questão de explicar.

— Sempre pergunto se posso tatear e busco ter cuidado — detalha ele, que, apesar de já conhecer diversas celebridades, sonha se encontrar com Angélica, seu ídolo da infância.

A coragem de desbravar novas experiências, no entanto, não poupou Fernando de passar por situações de preconceito. Segundo ele, a autoproteção de pessoas próximas o prejudicou. Mais recentemente, ele passou por um episódio de violência, quando um motorista de aplicativo debochou de sua condição:

— Foi reflexo da ignorância. A gente combate o preconceito com informação. É isso que eu busco fazer.

Marido é parceiro na luta anticapacitista

Fernando nasceu em Natal (RN) e está de mudança para São Paulo para viver com o marido. Eles se conheceram numa festa, quando Bruno Furtado, que não é cego, se aproximou. E lá se vão quase seis anos...

— Existem realidades diferentes, e a gente tem que se adaptar — conta.

Antes do relacionamento, o jornalista era adepto dos aplicativos de paquera e se encontrou com muitos pretendentes por lá:

— A luta da pessoa com deficiência é solitária. Existe o medo de a gente se decepcionar. Tenho certeza de que, se eu enxergasse, teria pego mais gente. E olha que eu peguei um bocado, viu?