Internacional
Procuradora do Peru responsabiliza presidente por mortes em repressão a protestos
Acusação, que pode levar ao impeachment de Dina Boluarte, acontece no momento em que a procuradora Patricia Benavides enfrenta graves questionamentos internos a sua gestão
A Procuradora-Geral do Peru, Patricia Benavides, denunciou nesta segunda-feira perante o Congresso a presidente Dina Boluarte pelo suposto crime de homicídio, responsabilizando-a pela repressão aos protestos contra ela que resultaram em mais de 50 mortes após sua chegada ao poder há quase um ano. A acusação, que pode levar ao impeachment da presidente, acontece no momento em que a procuradora enfrenta graves questionamentos internos a sua gestão com pedidos de renúncia feitos por altos procuradores do Ministério Público.
Quem é: Dina Boluarte, a advogada que virou presidente do Peru após escapar de cassação
Relembre: Após 50 mortos em protestos, desilusão com a democracia cresce no Peru
— Informo que apresentei uma denúncia constitucional perante o Congresso da República contra Dina Boluarte, presidente da República, e Luis Alberto Otárola [o primeiro-ministro] — disse Benavides em uma declaração televisiva. — Não se deve permitir a morte de nenhum peruano, assim como também não se deve permitir o abuso de poder.
A denúncia contra Boluarte foi apresentada depois que Benavides foi acusada por uma procuradora de liderar uma suposta rede criminosa dentro da cúpula do Ministério Público, de onde supostamente exerceu tráfico de influência com o Congresso e troca de favores políticos. Nesse contexto, Benavides afirmou que não renunciará ao cargo.
O MP iniciou a investigação contra Boluarte em janeiro pelos supostos delitos de "genocídio, homicídio qualificado e lesões graves". Em setembro, a governante compareceu pela terceira vez diante dos procuradores.
Para que o Congresso aprove a denúncia contra a presidente é necessário um processo parlamentar que pode durar até três meses.
A repressão contra os manifestantes antigovernamentais explodiu em 7 de dezembro do ano passado, quando Boluarte assumiu a Presidência, e se estendeu até março deste ano.
Contexto: Protestos na capital do Peru e na turística Cusco aumentam pressão sobre governo e impactam economia
Nos protestos morreram 54 pessoas, incluídos seis soldados que se afogaram em um rio quando tentavam fugir de camponeses que atiravam pedras contra eles em Puno, epicentro dos protestos. De acordo com a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), cerca de 20 pessoas morreram pelos tiros disparados pelas forças militares enviadas para controlar as manifestações.
Boluarte era vice-presidente do Peru até que assumiu o poder em 7 de dezembro, após a destituição do esquerdista Pedro Castillo por sua tentativa frustrada de dissolver o Congresso, governar por decreto e convocar uma Assembleia Constituinte.
Castillo cumpre prisão preventiva em Lima, esperando que a Justiça decida seu eventual chamado a julgamento.
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