Esportes
Sem égua de ouro em Santiago-2023, Stephan Barcha compete no Rio
Cavaleiro brasileiro estará em ação na Sociedade Hípica

Campeão em Santiago-2023, Stephan Barcha, de 34 anos, disputa de hoje a domingo o Concurso Internacional e Nacional de Salto, em comemoração ao 85º aniversário da Sociedade Hípica Brasileira, um dos mais tradicionais polos hípicos do país. Barcha, o segundo brasileiro da história a ganhar ouro no salto individual nos Jogos Pan-Americanos, também integrou a equipe que foi bronze (Marlon Zanotelli venceu em Lima-2019).
O cavaleiro iniciou sua carreira na Hípica Brasileira e busca o bi consecutivo no Grande Prêmio Roberto Marinho, o de aniversário, que encerra a competição. E concorre com Doda Miranda, medalhista pan-americano e olímpico e vencedor do Grande Prêmio Internacional do Rio em 2022, pelo título do ranking brasileiro sênior top. Esta é a última etapa do ano e Stephan luta para manter o título (venceu em 2022).
Empolgado com a façanha em Santiago, Stephan, porém, não saltará com Chevaux Primavera Império Egípcio, primeira égua nascida e criada no Brasil a ganhar o ouro individual em uma competição de ciclo olímpico (incluindo Mundial).
Primavera, que no ano passado foi prata no Sul-americano com Barcha, está de "férias ativas" em Portugal, após o ouro no Chile (o conjunto venceu a prova Internacional da Hípica em 2021). Desta vez, ele saltará com Chevaux Goldfinger Império Egípcio e Chevaux Chantilly.
— O ouro em Santiago me fortalece para Paris. E não só a mim, mas ao conjunto — diz o atleta, lembrando que o nível técnico em Santiago foi altíssimo, com EUA e Canadá com as melhores montarias de olho em vaga por equipes para Paris (o Brasil já tinha). — Meu foco total é Paris e não há perspectiva diferente do que a busca por medalha.
Barcha conhece Primavera, de 12 anos, desde os seis. Ou seja, desde o início da vida esportiva dela. Ele havia recebido a missão de desenvolvê-la para treinos de um adolescente. Há dois anos, o Haras Império Egípcio, com sede no Brasil e Europa, comprou a égua.
— Desde o primeiro dia que a montei, vi que era um indivíduo especial e complexo. Ela é temperamental. Brinco que ela tem de achar que é quem manda. E vamos negociando. Na hora da prova, tenho de dirigi-la e controlar sua força e energia. Sou apenas o piloto. Os cavalos são as estrelas, amados e cuidados. Cuido melhor dela do que de mim mesmo.
Barcha explica que Primavera tem carga de treinamento como cavalo de alto rendimento mas depois é "cavalo de verdade". Fica pouco tempo em cocheira. Na maior parte do dia está solta, em áreas verdes.
— Ela tinha todas as qualidades e foi o processo que a fez campeã, uma das melhores do mundo, algo que nunca duvidei.
Atleta e proprietário de equipe
Barcha, que foi a Rio-2016 (sexto por equipes) mas não disputou Tóquio-2020, teve de dar um "passo atrás" para vislumbrar mais uma Olimpíada.
Em 2017, após morar seis anos no exterior, resolveu construir algo que lhe desse "tranquilidade e organização". Sua esposa Roberta estava grávida e ele voltou a morar no Brasil, em Brasília (o casal tem três filhas).
Ao lado do veterinário Dudu Barreto formou a Chevaux, equipe que hoje está em evidência. São mais de 40 funcionários que auxiliam atletas amadores, novos e experientes, desde a parte administrativa e jurídica até a área técnica e veterinária. São 120 cavalos sob sua administração, além de dois centros de treinamento.
Uma conquista e tanto para um menino de classe média, que não tinha dinheiro para investir em esporte elitizado. Na mesma Hípica em que hoje é celebrado como campeão, ele batalhou por reconhecimento. Brinca que assim como existe o termo "rato de praia", se denomina "rato de hípica". Chegava cedo e saía tarde, queria montar qualquer cavalo. Despertou interesse nas pessoas, conquistou apoiadores, construiu relacionamentos e aproveitou oportunidades.
— Eu era talentoso mas tinha vontade de me desenvolver. Nada supera o trabalho e a vontade.
Barcha foi campeão brasileiro de todas as categorias que competiu: mirim (2003), junior (2006), yong riders (2009). O primeiro Campeonato Brasileiro sênior top demorou a sair, veio em 2021 e novamente em 2022 (com Primavera) — foi vice em 2019 e 3º em 2020.
Treinador da seleção brasileira passa por situação difícil
Hoje seu maior incentivador é o suíço Philippe Guerdat, ex-técnico da França, campeã olímpica na Rio-2016. Guerdat é o atual técnico do Time Brasil e luta contra um câncer. Em Santiago-2023, prometeu que pararia de fumar se o brasileiro ganhasse o ouro.
— Acho difícil cumprir a promessa, nem vou cobrar. Mas tenho certeza que vai reduzir — fala Barcha: — Ele é um lutador. Com certeza essa medalha deu força a ele. A vontade dele de viver é um grande exemplo. Não temo, sei que estará em Paris com a gente.
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