Quando Lionel Messi se aposentar, as lembranças que os brasileiros terão dele serão as melhores possíveis. Mas certamente seu provável último jogo no país não estará entre elas. Na vitória da Argentina por 1 a 0 sobre o Brasil, no Maracanã, a recepção ao craque foi de calorosa a hostil. Tudo por conta da confusão entre as torcidas que levou ao adiamento do jogo e acirrou as rivalidades.

Messi está com 36 anos e não há perspectiva de que a seleção argentina volte a jogar no Brasil tão cedo. Diante disso, muitos brasileiros decidiram ir ao Maracanã para vê-lo. Alguns até com a camisa da Argentina. Nas arquibancadas, cartazes em homenagem ao craque foram erguidos sem nenhum pudor. Principalmente por parte das crianças. Havia pedido por uma foto, para que ele desse a camisa e até para que jogasse pelo Vasco.

No aquecimento, a cada cobrança de falta acertada o grito de gol tomava conta do setor Norte, atrás do gol onde ele treinava. Assim como o de lamento nas tentativas perdidas. No anúncio das escalações, seu nome foi tão aplaudido quanto o dos jogadores da seleção da casa.

Mas, depois que o capitão argentino tomou as dores de seus torcedores e ameaçou não jogar, tudo mudou. A torcida brasileira passou a xingar o meia e a vaiá-lo quando tocava na bola. A reverência ao craque foi ofuscada.

É verdade também que o futebol apresentado por Messi no Maracanã também não correspondeu às expectativas. O meia não teve seus famosos lampejos de genialidade e foi bem marcado pela seleção brasileira. Após a partida, o técnico Lionel Scaloni confirmou que ele atuou no sacrifício.

- Não posso responder outra coisa a não ser que ele é único no mundo a jogar com uma lesão como ele jogou hoje.

O próprio jogador explicou que voltar para o vestiário depois de já ter aquecido piorou sua condição. Mas, por ser a última partida no ano (a temporada pelo Inter Miami já terminou, e a seleção só volta a jogar em março), valia a pena o sacrifício.

- No começo senti uma dor no adutor. Não me ajudou muito ter que aquecer, ir para o vestiário, esfriar e voltar para jogar. Mas era minha última partida e agora tenho tempo para me recuperar e começar o ano bem, me preparar da melhor maneira para ter um bom ano, começando com uma boa pré-temporada - disse o oito vezes vencedor da Bola de Ouro.

Messi deixou o campo aos 32 do segundo tempo para a entrada de Dí María. Neste momento, a torcida brasileira hasteou bandeira branca e voltou a aplaudi-lo. Mas isso não o impediu de, ao fim do jogo, correr em direção aos torcedores argentinos para comemorar com eles e provocar o Brasil.

- Foi lindo poder ganhar aqui no Brasil. Pelo tanto que são fortes como mandantes em toda a história.